A representação da Transparência Internacional no Brasil criticou a nomeação do ex-governador do Amapá Waldez Góes ao Ministério da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional no novo governo Lula. A entidade, que atua no combate à corrupção em mais de 60 países, alertou sobre os perigos de "um ministério fundamental para o desenvolvimento de regiões desassistidas continuar sendo usado como máquina de corrupção".
Góes foi preso em 2010, na Operação Mãos Limpas, deflagrada pela Polícia Federal, e chegou a ser condenado a seis anos e nove meses de prisão. A organização também questionou o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os escândalos envolvendo o ministro.
“Esta semana, um condenado à prisão por desvio de recurso público foi empossado ministro da Integração Nacional. Entrou pela cota do Centrão, que consegue achacar qualquer governo, à direita ou à esquerda", comentou. "Ainda assim, apesar da gravidade do caso, foi empossado ministro do Governo Lula", completa a entidade.
O ministro foi uma indicação pessoal do senador Davi Alcolumbre e vai assumir o controle da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal que virou foco de suspeita de fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos.
"A nomeação de um ministro condenado à prisão destoa desses bons quadros e acende todos os alertas", alerta a Transparência Internacional. "Em qualquer regime democrático, há distribuição de poder entre grupos aliados ao governo eleito. São os termos dessas negociações que determinam sistemas mais íntegros ou corruptos. O padrão ético na formação de ministérios é vital na promoção da integridade e da democracia."
O R7 procurou a assessoria de Góez para comentar o alerta da entidade e aguarda a resposta.
Prisão de Waldez Góes
Dos 37 novos ministros nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 12 são investigados ou foram envolvidos em escândalos de corrupção, caixa 2 ou improbidade.
No caso do ex-governador do Amapá, a prisão ocorreu em 2010, na Operação Mãos Limpas. Ele também foi condenado a seis anos e nove meses de prisão em regime semiaberto. Góez e outras 17 pessoas foram acusadas de integrar um esquema que desviava dinheiro do Estado e da União.
Na época, a defesa do governador alegou que não houve desvio de recursos públicos e que outros acusados no processo foram absolvidos das mesmas acusações. A ação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.
Nesta sexta-feira (6), na primeira reunião com todos os ministros após a posse, o presidente Lula disse que qualquer ministro que se envolver em atos ilícitos será demitido do governo e terá que se pôr à disposição das investigações judiciais.
R7
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