O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quarta-feira (9) que "é plenamente possível recuperar a normalidade da convivência entre instituições".Lula deu a declaração em entrevista coletiva, após se reunir com autoridades em Brasília.
"Eu me candidatei com o compromisso de que é possível resgatar a cidadania do povo brasileiro, de que é possível a gente recuperar a harmonia entre os poderes, de que é plenamente possível recuperar a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras. Instituições que foram atacadas, que foram violentadas pela linguagem nem sempre recomendável de algumas autoridades ligadas ao governo", afirmou o presidente eleito.
Antes de conversar com os jornalistas, Lula se reuniu com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, na sede da Corte.
Depois da reunião com a presidente do STF, Lula teve uma agenda com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.
Mais cedo, Lula se encontrou com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) também participou das reuniões.
Essa foi a primeira visita de Lula a Brasília desde que venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa eleitoral.
Relação com o Centrão
Lula falou também sobre a relação que terá com o Centrão – bloco informal na Câmara dos Deputados que reúne parlamentares de partidos de centro e centro-direita.
"Já fui deputado, já fui presidente da República. O governante tem que ter clareza que tem que lidar com as pessoas que foram eleitas. Temos que convencer das coisas importantes para o país. Não tem que olhar o Congresso e 'ah, o Centrão'. O Centrão é um conjunto de partidos que temos que conversar e tentar convencer das nossas propostas", disse o presidente eleito.
"Não enxergo dentro da Câmara e do Senado essa coisa de Centrão, eu enxergo deputados que foram eleitos. E que, portanto, nós vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro. Não há tempo para vingança, para raiva, para ódio, o tempo é de governar", completou.
Ele afirmou ainda que não vai interferir nas eleições do Congresso. Câmara e Senado escolhem os presidentes de cada casa em fevereiro. Lira, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), quer a reeleição.
"Não cabe ao presidente da República interferir em quem será o presidente do Senado ou da Câmara. Ou seja, quem vai decidir quem será o presidente das Casas serão senadores e deputados. O papel do presidente da República não é gostar ou não de presidente, é conversar com quem dirija a instituição", afirmou Lula.
Bloqueios ilegais de rodovias
Lula criticou os bloqueios ilegais de rodovias, promovidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) depois que ele perdeu as eleições.
"Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não têm por que protestar. Deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor que aquilo que nós merecíamos ter de votos. E eu acho que é preciso detectar quem é que está financiando esses protestos que não têm pé nem cabeça. Ofensas a autoridades, ameaças de fechamento, agressão verbal", lamentou o presidente eleito.
Programa de investimentos
Lula também disse na entrevista coletiva que pretende promover um programa de investimentos em saúde, educação, emprego e renda – e criticou a ideia de que essas áreas sejam tratadas como "gastos".
"Eu quero fazer com que o povo brasileiro recupere sua cidadania. Nós precisamos recuperar o Farmácia Popular, nós precisamos recuperar o Minha Casa, Minha Vida. Temos mais de 13 mil obras que estão paradas, 80% prontas. Eu vou tomar posse dia 1º e, se depender de mim, no dia 2 quero estar colocando obra para funcionar porque nós vamos gerar emprego, distribuir renda e fazer esse país voltar a crescer", afirmou o presidente eleito.
"Muitas coisas que as pessoas falam que é gasto, eu acho que é investimento. A saúde é investimento, porque investir nas pessoas que estão doentes é investimento. farmácia popular é investimento para cuidar das pessoas. Investir em educação não é gasto, e sim investimento. Precisamos mudar algumas nomenclaturas porque tudo que a gente quer fazer 'é gasto, é gasto, é gasto'. Para quê? Para guardar juros, para guardar para os banqueiros? Não", contestou.
g1
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