Novembro 29, 2024

Médico diz que há risco de nova obstrução intestinal em Bolsonaro Featured

O médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha o presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a facada de 2018, afirmou nesta quarta-feira (5) que há riscos de novas obstruções intestinais, mas rechaçou a realização de cirurgias diretas, e sim a opção pelo tratamento clínico. O chefe do Executivo recebeu alta hospitalar na manhã desta quarta-feira (5).

"Temos chance de ter novamente? Temos. Vamos operar ou vamos deixar o tratamento clínico resolver? Normalmente, nós tratamos o cliente como a gente gostaria de ser tratado", afirmou o médico. "Se eu tivesse o problema dele, não gostaria que me operasse. Se operar, como a barriga dele é muito inflamada, devido a infecções e sangramento, tudo que aconteceu, existe chance de aderir novamente, em outro lugar, e obrigar a uma outra cirurgia", acrescentou Macedo.

De acordo com o médico, as aderências podem levar a um quadro de obstrução intestinal e, normalmente, não é o caso de operar diretamente. O cirurgião explicou o motivo de a cirurgia ter sido descartada nessa última internação de Bolsonaro.

"Depois que foi passada a sonda gástrica para descomprimir o estômago, saiu um grande volume de líquido do estômago, que ficou vazio. Então, o movimento intestinal retornou e empurrou aquele bolo que estava parado, fica exatamente do lado esquerdo, é sempre aqui o problema [aponta para o local], onde tem mais aderência, e o presidente começou a ter uma normalização da função intestinal", relatou.

Macedo disse, ainda, que tem um paciente com quadro clínico semelhante ao do mandatário, que já realizou 18 cirurgias abdominais por aderência.

"A gente orienta a comer com calma, mastigar bem a comida. Essa semana ele só vai caminhar, não vai fazer exercícios físicos mais fortes. Acredito que vamos conseguir tranquilamente nos próximos 20, 30 anos mantê-lo desse jeito", complementou.

Atentado em Juiz de Fora
Bolsonaro foi esfaqueado na região do abdômen durante agenda de campanha em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018. A campanha foi interrompida após o incidente. O médico afirmou que o presidente passou por uma cirurgia "muito bem-feita pelos profissionais que o atenderam" primeiramente, na época, na Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Segundo o profissional, poucos dias depois do atentado, houve uma peritonite, que gerou uma grande quantidade de reação imunológica no abdômen.

"Embora esteja tudo bem, essas aderências possibilitam quadro de obstrução intestinal. Normalmente, nesses quadros, não operamos direto", disse. Assim que chegou ao hospital na capital paulista, o presidente publicou nas redes sociais que passaria por exames para avaliação da necessidade de uma possível cirurgia. O médico pontuou que foi colocada uma sonda gástrica, retirada nesta terça-feira (4).

O profissional explicou que, no dia em que chegou para atender Bolsonaro, na madrugada desta terça-feira, o intestino do presidente estava começando a funcionar. "No dia seguinte, já estava bem. Vai fazer dieta especial durante uma semana, vai fazer apenas caminhada, sem exercícios muito intensos. Mas ele está curado e pronto para o trabalho", complementou.

Segundo Macedo, uma cirurgia diante desse quadro clínico é complexa. "Se tiver que operar um paciente que teve todas essas complicações abdominais, a gente costuma ensinar o seguinte: a tesoura caminha em décimos de milímetros, e a mão do cirurgião não pode fazer mais que 3 miligramas de força, por isso é tão complicado", disse.

O médico informou que a faca que atingiu o mandatário em 2018 durante a campanha eleitoral cortou dois vasos do mesentério, o que exigiu a retirada de uma parte do intestino. Ainda de acordo com Macedo, a facada ficou a 1 centímetro da veia cava inferior, que é um dos grandes vasos do abdômen.

R7
Portal Santo André em Foco

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