O vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira, 15, que não vê “problema nenhum” se o presidente Jair Bolsonaro escolher um outro vice para montar uma chapa para tentar a reeleição em 2022. Em entrevista à Reuters, após coletiva de imprensa com jornalistas de veículos estrangeiros, Mourão afirmou que seria “ótimo” fazer parte dessa futura chapa, mas minimizou uma eventual preferência de Bolsonaro por outro nome.
“O presidente já manifestou o desejo de reeleição e se ele quiser que eu continue ao lado dele, ótimo, mas se não quiser e precisar de uma outra pessoa para fazer uma composição distinta de chapa, para mim não há problema nenhum. Estou aqui para servir ao Brasil e o governo do presidente”, disse.
Mesmo com apenas sete meses de mandato, Bolsonaro já revelou que pode se candidatar à reeleição no próximo pleito e especula-se que ele poderia negociar a vaga de companheiro de chapa com outro partido e com setores evangélicos. Bolsonaro e Mourão chegaram a divergir publicamente no começo de governo, o que teria causado um certo desgaste na relação entre eles.
‘Não temos tido atrito, eu e o presidente’, diz Mourão
O vice-presidente disse também que diminuiu suas declarações públicas e entrevistas após um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Mourão disse que considerou o pedido como “uma coisa normal” e defendeu Bolsonaro. “Não temos tido atrito, eu e o presidente. O presidente conversou comigo um tempo atrás, ‘pô, diminui um pouco a exposição’, uma coisa normal. Eu considero isso uma coisa normal, sem problema nenhum”, comentou.
Chamado de “embaixador” por uma jornalista francesa, Mourão foi questionado sobre o motivo de Bolsonaro não conceder entrevistas a correspondentes internacionais, sendo que, segundo ela, a imagem do presidente não é das melhores no exterior. O vice, então, defendeu o presidente.
“Eu vou falar com o presidente para que ele também converse com vocês. Existe uma certa má vontade com a figura do presidente Bolsonaro. Foi criada uma imagem no resto do mundo como se fosse o Átila, o huno, eleito presidente aqui no Brasil. Não é isso. Ele não é, em absoluto, uma pessoa totalmente fora dos padrões com o que estamos acostumados”, afirmou Mourão.
'Nenhum problema' em indicação de Eduardo
O vice afirmou também que não vê nenhum problema na possível indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Mourão declarou que "decisão a gente não discute, a gente cumpre", mas, ao mesmo tempo, considerou que o presidente ainda não discutiu a questão com seus principais conselheiros.
"Ele (Eduardo) está dentro daqueles requisitos que a nossa legislação coloca para aqueles que não são da carreira diplomática", disse Mourão. "É uma decisão do presidente, que obviamente ele ainda não discutiu com a totalidade de seus conselheiros, seus principais conselheiros."
Apesar disso, o vice comentou que não vê "nenhum problema" nessa questão. "É uma decisão do presidente. Ele considera que hoje o deputado Eduardo Bolsonaro seria o melhor representante do governo brasileiro junto ao governo americano. Uma vez que é uma decisão específica dele... Eu sempre digo uma coisa: decisão a gente não discute, a gente cumpre", comentou.
Mourão: ‘Temos de buscar uma reforma desse sistema político’
O vice defendeu uma reforma política após a conclusão da Previdência. “Temos de buscar uma reforma desse sistema político, de modo que a gente diminua a fragmentação e que os partidos realmente representem a sociedade brasileira e não virem uma sopa de letras como são no atual momento”, disse Mourão, que é filiado ao PRTB, partido dirigido por Levy Fidelix.
Também afirmou que a reforma da Previdência, cuja votação ficou para o segundo semestre após ser aprovada em primeiro turno na Câmara, não é a solução para todos os males. Ressaltou, porém, que é a primeira medida a ser adotada para o País se recuperar da crise.
“O País está dentro de uma garrafa e tem um gargalo para ele sair dessa garrafa, que é a reforma da Previdência.” Depois, segundo ele, seria possível “abrir o campo, de modo que outras reformas e medidas sejam tomadas para que o País entre num novo ritmo de crescimento sustentável. Essa é a palavra-chave.”
Estadão
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