Novembro 23, 2024

Bolsonaro volta a chamar chefe da AGU de 'ministro terrivelmente evangélico'

Em discurso na Câmara dos Deputados, o presidente da República, Jair Bolsonaro , chamou nesta segunda-feira o chefe da Advocacia-Geral da União, André Luiz Mendonça , de "ministro terrivelmente evangélico". Na semana passada, Bolsonaro disse que indicaria um ministro com esta característica para o Supremo Tribunal Federal ( STF ).

Ao agradecer a presença de ministros na sessão de homenagem ao Comando de Operações Especiais do Exército (Copesp), Bolsonaro repetiu a expressão.

— Prezado André Mendonça, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, um ministro terrivelmente evangélico. Assim como nós somos terrivelmente patriotas, muito obrigado por ter aceito essa missão — disse Bolsonaro.

Participaram da solenidade, além de Mendonça, os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Tereza Cristina (Agricultura).

A promessa de indicação foi feita na última quarta-feira à Frente Parlamentar Evangélica em um culto na Câmara de Deputados, antes da retomada dos debates que culminaram na aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência. A primeira vaga será aberta em 1º de novembro de 2020, quando o decano Celso de Mello completará 75 anos de idade. A outra só ficará disponível em julho de 2021, quando será a vez de Marco Aurélio de Mello deixar o cargo. A fala de Bolsonaro abriu uma corrida com especulações entre os que preenchem o principal pré-requisito para a cadeira de ministro do Supremo.

Na quinta-feira da semana passada, ao ser perguntado se o chefe da AGU seria um bom nome ao Supremo, Bolsonaro não quis adiantar a escolha.

— Olha, primeiro, da minha boca não saiu isso. Eu sei que ele é terrivelmente evangélico, isso eu posso garantir para você. Tem muitos bons nomes para o STF, (...) Supremo Tribunal, têm muitos bons nomes para lá. E o André Luiz é um nome que, com toda certeza, está entre uma lista aí, com muito apoio por parte do presidente — disse Bolsonaro.

No Planalto, atualmente, a torcida é para que André Luiz Mendonça fique com o posto. Pastor da Igreja Presbiteriana, em Brasília, o ministro tem 46 anos (a idade mínima é de 35) e tem sido elogiado por sua atuação considerada técnica. Outra vantagem, segundo um aliado do presidente, é que Mendonça, apesar de evangélico, não tem a “bênção” de um líder religioso específico. Deste modo, criaria menos resistência na Corte.

'Uma das opções'
Questionado sobre a sinalização do presidente em relação a Mendonça, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, afirmou que o advogado-geral da União se destacaria em "qualquer posição a que ele for indicado". Ele, no entanto, disse não ver a fala de Bolsonaro como uma "clara manifestação" e sim que ele vê o ministro como uma das opções, "dentre vários nomes que nós temos no país".

— O André, antes de tudo, é uma pessoa extremamente íntegra, uma pessoa de uma capacidade enorme, brilhante em todos os sentidos. [Tem] conhecimento técnico, uma biografia excepcional dentro da carreira dele, é uma pessoa sem vaidades, uma pessoa muito ponderada, perfil conciliador. Qualquer posição que o ministro André ocupe, ele vai ser destacado. As pessoas que trabalham com ele, as pessoas que têm, como eu, a oportunidade de conversar e de trabalhar junto, a gente sabe o valor dele.

Sobre a necessidade de se indicar um ministro evangélico para o STF, Oliveira disse interpretar o compromisso de Bolsonaro como uma busca por valores.

— Os evangélicos, em geral, têm perfil conservador, de valorizar a família, sobretudo. E a religião traz esse mote de observância de princípios, que a sociedade vem perdendo ao longo dos anos. Eu não sou evangélico, sou católico, cristão, sei que a pauta não é pelo fato de ele ser evangélico. Mas pelos valores que ele tem, pela postura dele sobretudo pelo conhecimento. O ministro André Mendonça, tenho certeza, assim como é um excelente advogado da União, seria um excelente ministro do Supremo, ou do STJ [Superior Tribunal de Justiça], qualquer posição dentro do Estado brasileiro.

Questionado se não há um receio de "fritar" o ministro ao cogitá-lo explicitamente para um cargo que só deverá ficar vago em novembro no que vem, o ministro disse que Bolsonaro é "muito sincero e direto nas palavras e não faz essa medida política das coisas". Ele disse ainda não ver por que o ministro do AGU seria desgastado, mas ressaltou que a vaga não está aberta e que há respeito pelos atuais integrantes do STF.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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