O clima na sessão da Câmara em que o ministro da Justiça, Sergio Moro, falou sobre a divulgação de diálogos atribuídos a ele e a procuradores da Lava-Jato piorou de vez por volta das 21h30 desta terça-feira, após o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) chamar Moro de "juiz ladrão e corrompido". O deputado Eder Mauro (PSD-PA) partiu para cima. Com dedos em riste, eles ficaram muito próximos de brigarem. A confusão se espalhou e um grande bate-boca tomou conta da sessão. Em seguida, Moro deixou a sala sob os gritos de "fujão". Houve uma tentativa de retomar a audiência, que não teve resultado, e ela foi encerrada por volta das 21h50.
— O senhor vai estar sim nos livros de História como um juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. A população brasileira não vai aceitar como fato consumido um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa por fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é: um juiz que se corrompeu — disse Glauber Braga, antes de a confusão começar.
Após o fim da sessão, Moro contra-atacou.
— Um deputado absolutamente despreparado, que não guarda o decoro parlamentar. Fez uma agressão, ofensas. São inaceitáveis. Infelizmente teve que encerrar a sessão. A culpa é desse deputado totalmente despreparado. Glauber, acho. Glauber alguma coisa. Sabe Deus de onde veio isso aí — disse Moro.
Como já havia feito no Senado, Moro aceitou convite dos deputados para ser sabatinado sobre os diálogos divulgados pelo site "The Intercept Brasil". Ao longo de mais de sete horas de sessão , o ministro disse que não reconhece a autenticidade das informações e pontuou que, em sua opinião, os vazamentos partiram de criminosos interessados em enfraquecer a Operação Lava-Jato.
Também depois da sessão, o líder do PT, Paulo Pimenta (RS), disse que vai tentar a convocação do ministro. Para isso, será preciso apresentar um requerimento na comissão e aprová-lo. Enquanto durou a reunião, 59 deputados fizeram perguntas a Moro. Deles, 38 criticaram Moro, 19 se colocaram do seu lado, e dois ficaram neutros.
Ao fim da sessão, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), reclamou da oposição, disse que a sessão se transformou num "circo" e arrematou:
— Não vai ter Moro na CCJ nunca mais. Sem chance.
O Globo
Portal Santo André em Foco
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