No documento enviado nesta quinta-feira (26) pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, a defesa de Jair Bolsonaro aponta três motivos para justificar o pedido de desistência do presidente de prestar depoimento no inquérito sobre suposta interferência na PF aberto a partir de denúncias feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro.
No texto enviado ao STF, em uma das justificativas, a AGU considera como "ilações" tanto os elementos que levaram à abertura do inquérito, quanto as provas coletadas:
"A publicização do inteiro teor de gravação da Reunião Ministerial de 22 de abril de 2020 demonstrou completamente infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao presente Inquérito, o mesmo valendo para todos os demais elementos probatórios coletados nos presentes autos".
Na AGU já corria a avaliação, falada nos bastidores, de que o inquérito era fraco. Se a defesa considerasse o inquérito robusto, dificilmente abriria mão da oportunidade de prestar esclarecimentos. Ao abrir mão desse direito, ela sinaliza que os elementos probatórios recolhidos são suficientes para uma decisão favorável ao presidente.
Como houve decisão do relator para que depoimento fosse presencial, e não por escrito como aconteceu recentemente com o ex-presidente Michel Temer, a estratégia da defesa deve ainda ter levado em conta o potencial dano negativo à imagem do presidente. Bolsonaro teria que prestar um depoimento aos olhos do público, já que qualquer deslocamento do presidente é acompanhado de perto pela imprensa.
A decisão do STF sobre o assunto ainda não foi finalizada.
O inquérito foi aberto no final de abril a partir de denúncia feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que pediu demissão alegando suposta tentativa de Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para proteger familiares e aliados. Ele apontou as imagens da reunião ministerial de 22 de abril como prova da tentativa de interferência.
R7
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