As manifestações em favor da democracia e contra o racismo registradas em várias cidades brasileiras neste domingo (7) acenderam o sinal de alerta no governo de Jair Bolsonaro.
Nas últimas semanas, havia uma espécie de represamento de atos contra o governo diante da recomendação para que fossem evitadas aglomerações em meio à pandemia do novo coronavírus.
Durante várias semanas, apenas apoiadores do governo Bolsonaro foram às ruas em defesa de pautas antidemocráticas como a defesa da intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. Esses atos ganharam visibilidade principalmente pela participação do próprio presidente.
A escalada de uma pauta antidemocrática acabou promovendo a união de grupos diversos em defesa da democracia. E, mesmo com as restrições sanitárias por causa da pandemia, as manifestações do fim de semana mandaram um recado para o governo.
Neste domingo, o próprio presidente Jair Bolsonaro mudou de comportamento pela primeira vez e evitou comparecer à manifestação reduzida que chegou até a Praça dos Três Poderes. A postura foi vista como uma espécie de vacina para evitar comparações dos atos pró e contra o governo.
Há ainda uma preocupação extra no governo: as manifestações contra o governo acontecem no momento em que atos antirracistas também ganham as ruas do mundo todo. Os protestos contra o racismo foram impulsionados pela morte de George Floyd, nos Estados Unidos.
No ano passado, autoridades brasileiras já temiam por aqui o efeito das manifestações que aconteceram no Chile.
A percepção de um setor do governo é a de que precisa ser evitado um ambiente de conflagração no Brasil.
Políticos de oposição avaliam ser preciso ter cuidado nesses atos para não haver qualquer tipo de violência ou vandalismo. “É preciso evitar qualquer pretexto para uma reação mais autoritária do governo”, disse ao Blog um senador de oposição.
O forte policiamento em várias cidades, como em São Paulo, foi uma sinalização desse cuidado de governadores para evitar conflito. O governador João Doria (PSDB) colocou quatro mil policiais militares nas ruas para evitar confrontos. Manifestantes contra e a favor do governo realizaram seus atos em locais diferentes.
G1
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