Os ministros da Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) afirmaram nesta sexta-feira que o presidente Jair Bolsonaro "não ignora a ciência" no combate ao novo coronavÃrus. Os dois minimizaram o pedido de demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde, dizendo que foi por "questões de foro Ãntimo". Ramos e a ministra Damares Alves (Mulher, FamÃlia e Direitos Humanos) também defenderam a utilização da cloroquina contra a Covid-19, mesmo sem evidências de sua eficácia.
— O ministro Teich saiu por questões de foro Ãntimo. Conversou hoje com o presidente, conversa amigável, conversou comigo e outros ministros. Sem problema nenhum. São posições diferentes. O presidente não ignora a ciência. O presidente segue os protocolos Ele tem uma visão diferente de qual é o protocolo a ser seguido — disse Braga Netto, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Ramos disse ter conversado com Teich nesta sexta e relatou que ele estava "sereno". O ministro ainda reforçou que a saÃda ocorreu por "uma decisão de foro Ãntimo". Ramos também disse que Bolsonaro só é contra "radicalismo":
— O presidente respeita a ciência. Mas ele tem visto radicalismo — afirmou. — É questão de bom senso. O presidente nunca disse que ia seguir o que foi dito. Ele está usando máscara.
Os ministros também ressaltaram que mudanças pontuais no ministério não são um problema:
— O importante não é questão de troca. A máquina não para. Agora, se o presidente troca o ministério inteiro, ou se mudar o rumo, aà sim vamos ter problema.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, que também participou da entrevista, disse "absolutamente natural" um presidente trocar um ministro se tiver discordância com eles:
— Se tem um presidente que tem uma orientação, o ministro tem outra, quem tem voto é o presidente, quem sai é o ministro. É absolutamente natural isso, e não há nada de anormal nisso. O anormal seria o contrário, sair o presidente porque o ministro quer fazer alguma coisa que o presdiente não quer.
Apoio à cloroquina
Em relação à cloroquina, Damares Alves afirmou que "ninguém é obrigado" a tomar a substância e que aqueles que não desejam utilizá-la deveriam assinar uma declaração.
— Ninguém é obrigado a tomar cloroquina. Aqueles que não acreditam no remédio façam agora uma declaração dizendo "eu não quero tomar e meu filho está proibido de tomar". Mas, antes de fazer a declaração, procurem as outras correntes da ciência que estão defendendo que o remédio, adicionado ao coagulante, está dando certo.
O maior estudo já realizado até o momento com a hidroxicloroquina (substância derivada da cloroquina) mostrou que não há qualquer benefÃcio do uso dela no tratamento da Covid-19.
Para Damares, é preciso entender que a ciência tem diversar "correntes":
— Vamos entender que a ciência tem correntes. A ciência diz que café faz mal, a outra ciência da (outra) corrente diz que café não faz mal. Então vamos aprender que cientistas do mundo inteiro estão defendendo, uma corrente, que a cloroquina faz bem.
A ministra também disse que Nelson Teich "deixou pronto" um novo protocolo para a utilização da substância e que "parece" que ele será publicado ainda nesta sexta.
Ramos afirmou que há pessoas sendo curadas pela cloroquina e ironizou pesquisas sobre o tema:
— Me perdoem, façam uma pesquisa, as pessoas estão sendo curadas, sim — disse. — A pessoa não tem opção, está morrendo. "Não, precisa a pesquisa, 20 dias, 60…". Esse é o problema.
O Globo
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