Novembro 26, 2024

Impostos: Haddad pede agilidade do Congresso e previsibilidade da Justiça em temas tributários

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu nesta quinta-feira (19) agilidade do Judiciário em processos sobre tributação – e que o Congresso mantenha a diligência nos trâmites da reforma tributária.

O objetivo, segundo Haddad, é conferir mais segurança jurídica ao sistema de tributos brasileiro e estimular os investimentos produtivos no país.

O ministro palestrou nesta quinta em um congresso de direito constitucional promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Como exemplo negativo, Haddad lembrou do julgamento, realizado em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiu que o governo federal não pode incluir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, estadual) na base de cálculo das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

O governo estima perda de R$ 250 bilhões em arrecadação caso o entendimento do Supremo seja aplicado a casos anteriores à decisão de 2017.

Segundo Haddad, o Judiciário tem de ser mais ágil na análise de eventuais processos relacionados com a reforma tributária - em análise no Congresso Nacional - caso ela seja aprovada.

"Depois de 20 anos, descobrimos que o Supremo não considerava adequado recolher daquela maneira [PIS/Cofins], e isso provocou uma perda de arrecadação de R$ 50 bilhões por ano. Uma coisa que a gente poderia ter resolvido antes. Poderíamos ter dito: 'não é assim, vamos calibrar a alíquota para arrecadar a mesma coisa da forma que a justiça considera mais justa'. Mas o tempo se passa. A coisa começa lá na primeira instância, vai chegar no supremo dez anos depois, 15 anos depois", disse o ministro Haddad.

Para ele, o governo não pode ficar 10 ou 20 anos a mercê de interpretações do Judiciário.

"O tempo é crucial para que nós passemos para o mundo a ideia de que são essas as regras. Estão validadas pelos três poderes, essa é a compreensão que se tem sobre isso, e aí se cria um ciclo de prosperidade porque os empresários vão ver que o país se organizou para receber investimentos", declarou.

Reforma tributária
O ministro Haddad também pediu que o Congresso Nacional se mantenha "tão diligente" (aplicado, rápido) quando no primeiro semestre deste ano – quando a Câmara dos Deputados aprovou a reforma tributária sobre o consumo.

O texto da reforma tributária está no Senado Federal, com expectativa de votação no início de novembro. Se houver mudanças, retorna para a Câmara.

"A reforma tributária talvez seja a coisa mais importante que tenhamos pela frente do ponto de vista constitucional. Estou muito confiante que o Congresso Nacional concluirá esse trabalho. A Câmara fez um bom trabalho no primeiro semestre. Há um clima no Senado também para endereçar essa votação ainda neste ano", acrescentou o ministro da Fazenda.

Em linhas gerais, a reforma tributária sobre o consumo substitui cinco tributos (PIS, Cofins e IPI federais, ICMS estadual e ISS municipal) por um imposto sobre valor agregado (IVA) federal, outro estadual e pelo imposto seletivo.

A cobrança dos tributos passaria a ser feita no destino, onde os produtos e serviços são consumidos, e os IVAs passariam a ser não cumulativos. Isso significa que, ao longo da cadeia de produção, os impostos seriam pagos uma só vez por todos os participantes do processo.

g1
Portal Santo André em Foco

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