O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (19) que vai debater com o presidente da França, Emmanuel Macron, uma resolução aprovada pelo parlamento francês na semana passada contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Os dois presidentes vão se encontrar em Paris nesta quinta-feira (22). Lula criticou a decisão da Assembleia Nacional da França e disse que o país não deveria dificultar a conclusão de um tratado de livre-comércio entre os blocos.
“Quero discutir com o Macron a questão do parlamento francês, que aprovou um endurecimento do acordo do Mercosul com a União Europeia. A União Europeia não pode tentar ameaçar de punir o Mercosul se não cumprir isso ou aquilo. Ora, se somos parceiros estratégicos, você não tem que fazer ameaça. Você tem que ajudar”, afirmou o presidente em uma live nas redes sociais.
Na última terça-feira (13), a Assembleia Nacional da França aprovou por 281 votos a favor e 58 contra uma resolução contrária ao acordo do Mercosul com a União Europeia. O entendimento da maioria dos deputados foi de que a atual redação do tratado fere o acordo de Paris sobre o clima e não atende a normas sanitárias e ambientais da União Europeia para a entrada de produtos agrícolas.
Entraves para a conclusão do acordo
Negociado desde 1999, o acordo entre Mercosul e União Europeia está em fase de revisão, mas há entraves na questão ambiental. Recentemente, os europeus propuseram um documento adicional, chamado de side letter, que, segundo o governo brasileiro, impõe sanções em caso de descumprimento, mas só para o lado sul-americano.
Os países da Europa querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não vai resultar no aumento de destruição ambiental no Brasil e demais países do Mercosul. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, que ambos sejam penalizados do mesmo modo.
Para atender as exigências feitas pela União Europeia nas negociações do acordo com o Mercosul, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro prepara uma resposta, que deve ser discutida no fim deste mês pelos demais países do bloco — Argentina, Paraguai e Uruguai.
De acordo com fontes no governo, os técnicos dos países sul-americanos devem discutir o documento em 26 de junho. Nos dias seguintes, 28 ou 29, a expectativa é de que haja mais uma rodada de negociações. Nessa fase, a resposta brasileira deve ser avaliada pelos membros do Mercosul e da União Europeia, em uma reunião prevista para ocorrer na capital argentina, Buenos Aires.
R7
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