O Ministério da Saúde atualizou a situação dos casos suspeitos do coronavírus 2019 n-CoV no Brasil nesta quinta-feira (13). Seis pessoas estão sob análise das autoridades de saúde – três delas em São Paulo, uma no Paraná e duas no Rio Grande do Sul. Nenhum caso da doença foi confirmado no país.
Desde o início do monitoramento do ministério, 40 casos foram descartados no Brasil. De acordo com a pasta, os pacientes que ainda estão em investigação são três mulheres e três homens. A média de idade é 20 anos e todos têm histórico de viagem para a China, mas não estiveram em Wuhan, epicentro da doença.
Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde, disse que o Brasil ainda está no nível 3 de vigilância - "emergência de saúde pública de importância nacional". A estratégia está dividida em duas etapas: contenção e mitigação.
"Quando nós atingirmos 100 registros, passa-se a fase de mitigação. Os testes passam a ser aplicados apenas em casos que estão na UTI. Mas isso é no caso de entrar nesse segundo cenário, que seria depois de 100 casos confirmados no Brasil", explicou.
Nesta quinta-feira, o número de casos confirmados da doença na China subiu para 59,8 mil. No levantamento anterior, de quarta-feira (12), eram 44,7 mil - aumento de 33,7%.
O crescimento no número de registros está ligado à mudança na metodologia: os relatos apontam que na nova metodologia a análise dos médicos em consultório está contando com apoio de exames de imagem (como radiografia e tomografia), cujos resultados ficam prontos mais rapidamente. Antes, era necessário esperar o resultado de um exame de RNA (ácido ribonucleico) para comprovar a infecção por Covid-19.
Com a alteração, Hubei, província epicentro do surto, registrou 242 novas mortes somente na quarta-feira. A região registrou 14.840 casos no último dia, sendo que 13.332 foram diagnosticados de forma clínica.
A mudança ocorre em meio à decisão do governo chinês de trocar autoridades devido a falhas na resposta ao surto e também em meio à falta de kits de detecção do Covid-19.
Ao todo, 1.368 pessoas morreram por Covid-19, incluindo um caso no território semiautônomo de Hong Kong. Duas mortes foram registradas fora do país: nas Filipinas, em 2 de fevereiro; e no Japão, nesta quinta.
O que mudou na metodologia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ao G1 que está acompanhando as atualizações recentes da China sobre os protocolos de definição e contagem de casos de Covid-19 e que esperam respostas do país asiático.
"Nós percebemos que a nova definição dos casos amplia a rede", disse a agência da ONU em um comunicado. "Ela inclui não só os casos confirmados em laboratório, mas também os avaliados clinicamente a partir de sintomas e exposição." (leia a resposta completa da OMS ao fim do texto).
De acordo com a agência Reuters, anteriormente Hubei havia permitido que as infecções fossem confirmadas somente por exames de RNA, que podem levar dias para serem processados. O RNA, ou ácido ribonucléico, carrega informações genéticas que permitem a identificação de vírus.
O jornal "Le Monde" afirma que não há testes de ácido ribonucleico em quantidade suficiente em Hubei, província epicentro do surto. A publicação também cita que médicos chineses estavam colocando em dúvida os resultados.
Neil Ferguson, professor de epidemiologia no Imperial College London, estima ao Le Monde que apenas 10% dos casos são detectados. Para que um teste dessa natureza seja válido, um endoscópio deve ser inserido nos pulmões.
Neste cenário, Hubei começou a usar tomografia computadorizada, que é mais rápida e revela infecções pulmonares, para confirmar e isolar os casos mais rapidamente, segundo a comissão de saúde da região.
O novo procedimento de diagnóstico pode explicar o salto no número de mortes, disse Raina McIntyre, chefe de pesquisa em biosegurança do Kirby Institute na Universidade de Nova Gales do Sul.
"Presumivelmente, há mortes que aconteceram com pessoas que não tiveram um diagnóstico de laboratório, mas tiveram uma tomografia computadorizada", disse ela à Reuters. "É importante que isso também seja contabilizado."
O novo exame por tomografia está sendo usado apenas em Hubei, disseram as autoridades.
Resposta da OMS
"Em 6 de fevereiro, o Serviço Nacional de Saúde da China (NHC) publicou uma atualização das diretrizes nacionais para prevenção e controle do Covid-19, nas quais o NHC indicou que, em Hubei, a notificação deve incluir casos suspeitos, confirmados, casos assintomáticos e casos clínicos. Em todas as outras províncias, a notificação deve incluir casos suspeitos, casos confirmados e casos assintomáticos.
Recentemente, o governo dobrou os esforços para combater a escala da epidemia em Hubei e a necessidade de serviços de tratamento por parte da população. A revisão das diretrizes nacionais para incluir uma definição de caso 'diagnosticada clinicamente' permite que os pacientes acessem o tratamento mais rapidamente, expandindo efetivamente a definição de pacientes que são considerados casos confirmados em Hubei. Os pacientes diagnosticados clinicamente têm características de pneumonia no exame de imagem, febre ou sintomas respiratórios e contagem baixa ou normal de glóbulos brancos ou contagem decrescente de linfócitos no estágio inicial da doença.
Como é normal em uma doença infecciosa recém-emergente, as definições de caso se adaptam a uma melhor compreensão e os 13.332 casos diagnosticados clinicamente não foram identificados apenas nas últimas 24 horas. Eles incluem casos identificados retrospectivamente desde o início da epidemia; não é incomum que os dados de vigilância sejam atualizados à medida que novas definições são adotadas."
G1
Portal Santo André em Foco
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