Depois de Jair Bolsonaro recuar da proposta de dividir o Ministério da Justiça, interlocutores próximos do presidente avaliam que a única forma de criar a pasta da Segurança Pública é com a indicação do ministro Sérgio Moro para o Supremo Tribunal Federal.
A primeira vaga deve ficar disponível em novembro, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, decano da Corte. O núcleo mais próximo de Bolsonaro reconhece que qualquer movimento para esvaziar agora a pasta de Moro traria enorme desgaste político ao governo e ao próprio presidente.
Desde meados do ano passado, Bolsonaro tem sinalizado a intenção de ampliar a influência no comando da Polícia Federal. A possibilidade de tirar do Ministério da Justiça a área da Segurança Pública abriria espaço para uma mudança na direção da PF.
“Com Moro na Justiça, qualquer movimento neste sentido teria uma reação negativa até mesmo dos apoiadores do governo”, reconheceu um aliado de Bolsonaro.
Sucessão no STF
No ano passado, Bolsonaro já havia sinalizado que a primeira vaga no STF seria para o ministro André Mendonça, que comanda a Advocacia Geral da União (AGU). Naquele momento, ele afirmou que colocaria na Corte um nome “terrivelmente evangélico”.
Apesar disso, aliados avaliam que a indicação do nome de Moro poderia ser a melhor saída para dividir a pasta de Justiça. Segundo esses aliados, Moro receberia os 41 votos necessários para ter a indicação aprovada no Senado.
Como revelou o Blog mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a manifestar em conversas reservadas nos últimos meses arrependimento de ter fundido novamente as pastas da Justiça e da Segurança Pública. Ao mesmo tempo, reconheceu que seria muito difícil fazer essa separação agora.
Por isso, o encontro com secretários estaduais da Segurança Pública, na quarta-feira, foi visto como uma espécie de “balão de ensaio” de Bolsonaro para colocar o tema na pauta. Diante da ampla repercussão negativa, o presidente da República retirou o tema do noticiário assim que chegou na Índia.
G1
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