Novembro 25, 2024

Mais de 15 milhões de pessoas ainda precisam fazer biometria ou não poderão votar em 2020

Levantamento do G1 com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que 15,5 milhões de pessoas ainda precisam fazer a biometria para votar nas eleições de 2020. O cálculo considera apenas os eleitores que moram nos 4.577 municípios onde a votação por biometria será obrigatória nas próximas eleições. O 1º turno será em 4 de outubro de 2020.

Das 15,5 milhões de pessoas que precisam registrar a biometria, mais da metade (56,6%) mora em cidades onde a revisão biométrica ainda está em andamento ou se encerrou recentemente. Porém, essas 8,8 milhões pessoas ainda não foram ao cartório eleitoral.

As demais (6,7 milhões, o equivalente a 43,4%) já tiveram o título eleitoral cancelado por não comparecer à revisão biométrica nas cidades onde o processo já foi encerrado há mais tempo e a biometria também é obrigatória.

Para chegar aos números, o G1 cruzou várias informações (uma relação do TSE com a situação de cada município em relação à biometria, uma tabela pedida via Lei de Acesso à Informação com todos os títulos cancelados e regularizados por causa da biometria e uma lista das cidades onde a biometria será obrigatória enviada por cada um dos tribunais regionais eleitorais).

Cada cidade tem um prazo final para a revisão biométrica. Quando o eleitor não comparece ao cartório eleitoral dentro do prazo, o título é cancelado. É possível regularizar essa situação, porém, ao procurar um cartório eleitoral até 6 de maio de 2020, quando se encerra o cadastro eleitoral para as próximas eleições.

Apenas em 2022 a biometria deverá ser obrigatória em todo o Brasil. Os eleitores que votam nas eleições presidenciais no exterior não devem registrar a biometria.

Segundo dados enviados ao G1 pelo TSE por meio da Lei de Acesso à Informação, desde o início da revisão biométrica, 12,5 milhões de títulos eleitorais foram cancelados por não registro da biometria. Desse montante, 45,5% dos títulos foram regularizados posteriormente.

O restante (54,5%) continua em situação irregular, e as pessoas precisam procurar o cartório eleitoral para atualizar os dados e registrar a biometria para poder votar.

Salvador, Recife, Belém, Guarulhos e Cuiabá são as cidades com o maior número de títulos eleitorais cancelados, após o fim da revisão biométrica. Em Salvador, 226,5 mil títulos continuam cancelados. No Recife, são 122,8 mil. Em Belém, 115,5 mil. Em Guarulhos, 114,4 mil. E em Cuiabá, 103,6 mil.

O diretor-geral do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), Bruno Andrade, lembra que a biometria é importante para “fortalecer e trazer segurança para o processo eleitoral”. Ele acrescenta que a votação por biometria impede, por exemplo, situações de fraudes, como um eleitor votar no lugar de outra pessoa com uma identidade falsa.

Ele conta ainda que o eleitor deve consultar se a cidade onde reside terá biometria obrigatória e qual é o prazo para o cadastro. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, a biometria não será obrigatória em 2020. Caso haja filas e a biometria não seja obrigatória nas eleições de 2020, o eleitor não precisa procurar o cartório eleitoral neste ano.

“O cadastro eleitoral fecha em maio [de 2020] e já há uma busca natural pelos cartórios eleitorais por conta disso. Naquele momento, as buscas são maiores, e a pessoa que for atualizar a biometria vai enfrentar filas. Quanto mais o eleitor se programar mais fácil ele consegue ser atendido no serviço público de forma adequada”, diz o diretor do TRE-RJ.

Andrade destaca ainda que o atendimento no cartório eleitoral não é demorado, principalmente se não houver fila: dura 8 ou 9 minutos. O funcionário do cartório deve atualizar os dados do eleitor, tirar uma foto do eleitor e também registrar a biometria dos 10 dedos.

Em alguns locais, no entanto, filas têm sido frequentes, caso de Fortaleza. Nesta quarta (27), duas pessoas foram detidas por vender lugar na fila para o cadastro biométrico. Um mutirão foi feito para acelerar o procedimento, mas a busca ainda causou enormes filas. E espaços foram vendidos por R$ 20, R$ 50 e até R$ 100, dependendo da posição.

G1
Portal Santo André em Foco

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