Depois da tensão do período eleitoral e do dia após a eleição, marcados por troca de farpas, a equipe do governo brasileiro espera mais pragmatismo tanto do presidente Jair Bolsonaro como do eleito na Argentina, Alberto Fernández.
A avaliação é que os dois têm a perder com um clima de animosidade, principalmente a Argentina, que enfrenta uma crise econômica aguda e tem maior dependência do Brasil.
Bolsonaro tentou interferir diretamente na eleição argentina, criticando tanto Fernández como Cristina Kirchner, sua vice na chapa vencedora deste domingo (27). Chegou a dizer, depois da eleição, que o povo argentino escolheu mal no pleito deste fim de semana.
Nesta segunda-feira (28), Bolsonaro lamentou o resultado da eleição e disse que não parabenizará o novo presidente do país.
Porém, Bolsonaro tem oscilado em suas declarações. Ora ataca, ora diz que os dois lados precisam negociar e que o Brasil quer aumentar seus negócios com a Argentina.
Segundo assessores de Bolsonaro, o presidente brasileiro tem esse estilo de partir para o “embate e enfrentamento”, mas sabe recuar quando o Brasil pode ser prejudicado economicamente.
Foi assim, lembram, na proposta de mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Diante do risco de retaliação de países árabes, Bolsonaro manteve a proposta, mas deixou claro que ainda vai demorar para fazer a mudança de fato.
Os mesmos assessores destacam, porém, que o presidente eleito Alberto Fernández precisa também colaborar para que os dois lados baixem as armas e negociem. Ficar fazendo acenos para o ex-presidente Lula como tem feito o futuro comandante argentino, lembram, pode inviabilizar uma negociação.
A Argentina é o terceiro destino das exportações brasileiras, depois de China e Estados Unidos. Para a indústria brasileira, é o principal comprador.
Neste ano, porém, diante da crise no país vizinho, as exportações brasileiras para a Argentina caíram mais de 40%. Na avaliação de técnicos do governo brasileiro, o que deve pesar para um ambiente de paz dos dois lados é que a Argentina depende muito mais do Brasil do que nós deles.
G1
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