A ministra da Saúde, Nísia Trindade, classificou nesta terça-feira (15) como "inadmissível" o caso dos pacientes que contraíram o vírus HIV após receberem transplantes de órgãos no Rio de Janeiro.
"É um episódio inadmissível. Estamos com o Ministério da Saúde, desde o primeiro momento em que houve a notificação do primeiro caso [...] agindo em várias frentes", declarou a ministra.
Segundo Nísia, o Ministério da Saúde atua junto com a coordenação do Sistema Nacional de Transplantes no Rio de Janeiro, com a Secretaria de Saúde da capital fluminense e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para apurar o caso.
O ministério abriu auditoria própria e, segundo Nísia, acionou também a Polícia Federal para investigar o caso.
"É um caso que não pode ser admitido, é algo inusitado, que nunca aconteceu e que não pode ser tolerado. Queremos fortalecer a confiança no Sistema Nacional de Transplantes. Ao acontecer um caso como esse, tem que ser investigado porque ele foge a regras e controles que existem", defendeu.
Nísia afirmou ainda que o ministério realizou, há um mês, um seminário com os sistemas estaduais para "aperfeiçoar" as regras e o protocolo nacional a ser seguido para o transplante de órgãos – que inclui, desde sempre, a testagem desses órgãos para evitar a transmissão de doenças ou infecções.
A ministra disse em entrevista que conversou nesta segunda com o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro – e que o político se mostrou preocupado com o atendimento das vítimas, ou seja, das pessoas que receberam os órgãos não testados e contraíram o vírus HIV.
Nísia, que já presidiu a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse que a instituição ofereceu toda a capacidade para "acompanhar essas pessoas, cuidar dessas pessoas" – além de evitar que novos órgãos impróprios sejam transplantados.
Novas regras e testes mais rígidos
Antes mesmo de os casos de infecção por HIV após transplantes no Rio virem a público, o Ministério da Saúde já discutia novas regras para o Sistema Nacional de Transplantes.
Esse debate, segundo Nísia, inclui normas mais rígidas e exames de maior qualidade nos órgãos a serem doados.
"É mais no sentido de nós fortalecermos o uso do teste NAT, que é um teste de alto padrão para detecção não só de HIV, mas de hepatite, de HTL [vírus similar ao HIV], também em relação à doença de Chagas. Qualquer problema que possa a vir, tanto numa transfusão de sangue quanto numa doação de órgãos", diz Nísia.
"Voltando a dizer: o problema não está no regramento existente, mas ele não foi cumprido. É importante dizer isso, ele não foi cumprido. O laboratório não apresentou as condições necessárias para o cuidado que se tem que ter com os transplantes. Isso tudo é muito regrado e essas regras não foram cumpridas", afirma.
g1
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