Dados do Orçamento de 2024 (Lei 14.822/24) mostram que 66% do valor das emendas parlamentares foi direcionado para a saúde e para transferências diretas para prefeituras. Isso acontece porque 50% do total das emendas individuais, que têm o maior valor, devem ser obrigatoriamente destinadas para a saúde; e o total das transferências especiais, que também são emendas individuais, vem crescendo ano a ano.
Mas, de acordo com o Orçamento de 2024, as emendas de comissões permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado e as de bancadas estaduais também têm seguido uma destinação prioritária para a área de saúde.
Na soma geral, a outra parcela das emendas, de 44%, foi destinada para os ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional, Cidades, Educação, Justiça e Segurança Pública, Esporte, e Agricultura e Pecuária. Estes são os ministérios que têm mais de R$ 1 bilhão em emendas.
O total de emendas parlamentares para 2024 é de R$ 44,67 bilhões, sendo que R$ 25,07 bilhões em emendas individuais, R$ 11,05 bilhões em emendas de comissões, e R$ 8,56 bilhões em emendas de bancadas estaduais. As emendas individuais e de bancadas são de execução obrigatória. As emendas de bancada são apresentadas após discussão entre os deputados e senadores de um mesmo estado.
Destino das emendas parlamentares em 2024
Ministérios | Autorizado |
---|---|
Saúde | R$ 21.246.137.917,00 |
Integração e Desenvolv. Regional | R$ 2.567.213.251,00 |
Cidades | R$ 2.324.630.185,00 |
Educação | R$ 1.770.048.607,00 |
Justiça e Segurança Pública | R$ 1.498.056.431,00 |
Esporte | R$ 1.426.211.599,00 |
Agricultura e Pecuária | R$ 1.074.965.848,00 |
Combate à Fome | R$ 957.375.416,00 |
Defesa | R$ 894.255.855,00 |
Turismo | R$ 777.761.307,00 |
Cultura | R$ 348.057.256,00 |
Mulheres | R$ 278.709.002,00 |
Desenvolv. Agrário e Agricultura Familiar | R$ 257.069.091,00 |
Transportes | R$ 190.787.092,00 |
Ministério de Portos e Aeroportos | R$ 176.344.518,00 |
Trabalho e Emprego | R$ 161.093.843,00 |
Direitos Humanos e Cidadania | R$ 119.137.479,00 |
Ciência, Tecnologia e Inovação | R$ 88.517.196,00 |
Meio Ambiente e Mudança do Clima | R$ 78.221.880,00 |
Pesca e Aquicultura | R$ 69.297.916,00 |
Indústria, Comércio e Serviços | R$ 49.449.458,00 |
Ministério de Minas e Energia | R$ 36.278.520,00 |
Igualdade Racial | R$ 28.788.792,00 |
Povos Indígenas | R$ 28.137.889,00 |
Comunicações | R$ 23.919.222,00 |
Previdência Social | R$ 12.908.000,00 |
Relações Exteriores | R$ 5.250.000,00 |
Outros | |
Transferências a estados, Distrito Federal e municípios | R$ 8.151.617.074,00 |
Presidência da República | R$ 31.539.007,00 |
Tribunal De Contas da União | R$ 961.522,00 |
Gestão e da Inovação em Serviços Públicos | R$ 1.000.000,00 |
Comissões
Já as emendas de comissões são votadas em reuniões ordinárias desses colegiados.
Em 2024, o governo também aumentou o direcionamento para a saúde com o objetivo de facilitar o cumprimento do piso constitucional do setor, que voltou a vigorar este ano após o fim do antigo teto de gastos. No projeto da Lei Orçamentária, foi colocada na pasta da Saúde uma previsão de R$ 18,8 bilhões em emendas impositivas.
Ao vetar parte das emendas de comissão na Lei Orçamentária de 2024, o governo também preservou as emendas da Comissão de Saúde da Câmara, que terá o maior valor entre todas as comissões: R$ 4,5 bilhões. As emendas de comissões passaram a adquirir relevância no ano passado após o fim das emendas de relator em 2022.
O aumento no valor das emendas parlamentares tem sido objeto de debate nos últimos anos, pois elas eram de apenas R$ 9,66 bilhões em 2015, ano em que as emendas individuais passaram a ser impositivas. Agora, este total é de R$ 44,67 bilhões. Para se ter uma ideia do montante, as despesas discricionárias do Orçamento – ou seja, aquelas que podem ser mexidas –, e que incluem as emendas, somam R$ 204 bilhões. Este é o valor disponível para o custeio e os investimentos dos ministérios.
Sintonia fina
Os parlamentares afirmam que fazem uma espécie de “sintonia fina” no Orçamento ao identificar necessidades municipais que o governo federal não vê. “Acredito que as emendas individuais permitem a destinação de recursos para a solução de problemas que afetam diretamente o cidadão lá na ponta, onde os programas de governo não possuem mecanismos de resolução imediata”, disse o deputado Beto Pereira (PSDB-MS).
Já o deputado Merlong Solano (PT-PI) procurou fortalecer a capacidade de atendimento na atenção primária dos municípios. "De uma forma geral, sem esses recursos complementares de emendas, [os municípios] ficam incapazes de cumprir todas as suas obrigações. E também procurei fortalecer a ação do estado colocando recursos para hospitais que fazem atendimento de alta complexidade”, afirmou.
Para o deputado Luiz Gastão (PSD-CE), porém, seria interessante conciliar as emendas com projetos mais estruturantes do governo federal. “Porque o deputado sabe onde tem mais carência e onde ele precisa levar mais recursos para que esses programas estruturantes possam chegar”, explica.
Ações
As dez maiores ações em saúde apoiadas por emendas individuais (2024):
Agência Câmara
Portal Santo André em Foco
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