A Câmara dos Deputados homenageou nesta quarta-feira (28), em sessão solene realizada no Plenário Ulysses Guimarães, os 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A sessão foi solicitada pelos deputados Luiza Erundina (Psol-SP), Valmir Assunção (PT-BA), Marcon (PT-RS) e João Daniel (PT-SE).
O MST foi fundado em janeiro de 1984 em Cascavel, Paraná. Hoje, o movimento está organizado, em 24 estados e conta com cerca de 450 mil famílias assentadas.
A deputada Luiza Erundina destacou a importância do MST para o avanço da reforma agrária e do combate às desigualdades no Brasil. “São 40 anos de história de luta, de sofrimento, de violência. Mas também de resultados”, disse. Ela fez uma menção especial à sindicalista paraibana Margarida Maria Alves, assassinada em 1983 pela sua defesa dos trabalhadores rurais.
O deputado João Daniel, por sua vez, disse que a história do MST é marcada por “lutas de grandes homens e mulheres que nunca se curvaram, que nunca se renderam.”
Reforma agrária
Conduzida pela 2ª secretária da Mesa Diretora da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS), a sessão foi acompanhada por diversos parlamentares, representantes do MST e do governo.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai continuar com a reforma agrária. “O Brasil tem terra suficiente para acolher todos os agricultores que querem nela trabalhar”, disse.
Integrante da coordenação nacional do movimento, Gilmar Mauro agradeceu a homenagem e lembrou que a história do MST é feita de lutas contra o latifúndio improdutivo. “Enquanto existir nesse País de 850 milhões de hectares de terra uma família sem terra, é nossa obrigação lutar por dignidade humana e ocupar os latifúndios improdutivos”, afirmou.
Críticas ao modelo
Durante a sessão solene, os deputados Ricardo Salles (PL-SP) e Rodolfo Nogueira (PL-MS), que falaram em nome do PL e da Oposição, respectivamente, criticaram a atuação do movimento.
Salles disse que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, realizada na Câmara no ano passado, encontrou “miséria generalizada” nos assentamentos visitados em diversos estados, evidenciando o insucesso do modelo da organização. O deputado foi relator da comissão.
Atuação importante
As críticas ao MST foram contestadas por vários deputados. Marcon afirmou que o movimento é um elo fundamental na produção de alimentos no País, sendo hoje o maior produtor brasileiro de arroz orgânico. “Quem fala da pobreza, da miséria [dos assentamentos] é o mesmo que vai à feira do MST comprar comida sem veneno”, criticou.
O deputado Valmir Assunção também rebateu as críticas. “Os bolsonaristas sabem que o MST vai continuar lutando pela reforma agrária, ocupando latifúndio para produzir alimento saudável para o nosso povo”, afirmou.
Já o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a homenagem ao MST não podia ser transformada em uma sessão de provocação. “Vocês têm todo o direito de discordar, mas não podem agredir esses homens e essas mulheres do Brasil inteiro, que nesse momento recebem homenagem do Plenário”, reclamou.
Agência Câmara
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