Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda têm quase um ano de mandato à frente das Casas. As sucessões, no entanto, têm dominado cada vez mais as negociações políticas no Congresso.
Parlamentares ouvidos pelo g1 avaliam que, na abertura do ano Legislativo, Lira trouxe à tona essa movimentação que já ocorria nos bastidores, desde 2023, mirando o comando da Câmara e do Senado a partir de 2025.
Deputados avaliam que, embora tenha tentado afastar as interferências dessas disputas no trabalho do parlamento, Lira acabou reforçando o "peso" que as eleições internas terão ao longo deste ano.
“Errará, insisto, errará grosseiramente qualquer um que aposte numa suposta inércia desta Câmara dos Deputados neste ano de 2024. Seja em razão das eleições municipais que se avizinham, seja, ainda, em razão de especulações sobre eleições para a próxima Mesa Diretora, a ocorrerem apenas no próximo ano. Para esses, que não acompanharam nosso ritmo de entregas e realizações, deixo, humildemente, um importante recado: não subestimem esta Mesa Diretora”, afirmou Arthur Lira na abertura do ano Legislativo.
A escolha dos sucessores de Lira e Pacheco ocorrerá em fevereiro de 2025. Os mandatos dos presidentes das duas Casas têm duração de dois anos.
Arthur Lira e Rodrigo Pacheco já se reelegeram uma vez e não podem de novo.
Parlamentares apostam em um acirramento das tratativas a partir do segundo semestre de 2024.
Tanto na Câmara quanto no Senado, a avaliação é que sinalizações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos atuais ocupantes dos comandos das Casas podem ajudar a consolidar ou esvaziar pré-candidaturas.
Disputa na Câmara
O cenário da sucessão de Arthur Lira tem nomes apontados como favoritos desde que o deputado foi reeleito para o cargo em 2023.
Aliado de primeira hora de Lira, o líder do União Brasil na Casa, deputado Elmar Nascimento (BA), é um dos mais mencionados entre os pares.
Apesar de não comentar a candidatura publicamente, deputados afirmam que Elmar tem articulado uma pré-campanha silenciosa. Um dos movimentos mais recentes foi o convite a colegas para participar do Carnaval em Salvador (BA). Lira estava entre os presentes.
Mesmo com a movimentação, a candidatura de Elmar ainda não é bem recebida por aliados do governo Lula.
As críticas do deputado à gestão petista do governo da Bahia surgem como o principal fator. Em dezembro de 2022, o deputado chegou a ser vetado por petistas de assumir o comando de um ministério no terceiro mandato do petista.
Para deputados, o histórico de Elmar com o PT e a proximidade com Lira podem ajudar a inflar as possíveis candidaturas do líder do PSD na Casa, Antonio Brito (BA), e do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Nos últimos dias, outros nomes têm se colocado na disputa, como o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL). Segundo o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), a ideia é que o partido tenha um candidato próprio à sucessão de Lira.
A oposição tem defendido o lançamento de um candidato próprio. Ganha força entre o grupo o nome do líder do PL, deputado Altineu Côrtes (RJ).
Em janeiro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a sigla lançaria uma candidatura de “qualquer jeito”.
Segundo o líder do grupo na Casa, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), apesar de querer um candidato próprio, a oposição pode se aliar a uma candidatura que tenha “compromisso com as pautas de defesa e resgate das prerrogativas parlamentares e da defesa da liberdade”.
“Não faremos mais acordos por espaços em comissões. Lira quer fazer seu sucessor, mas há diversos nomes na briga, inclusive o governo quer ter seu próprio candidato, que não será o Lira”, disse Jordy ao g1.
A consolidação dos nomes, de acordo com lideranças, deve passar, porém, por uma disputa prevista para março deste ano: os comandos das comissões permanentes, como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Sucessão de Pacheco
No Senado, líderes afirmam que há um favoritismo em torno de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Ele presidiu a Casa entre 2019 e 2021, e foi o principal fiador das duas eleições de Pacheco, em 2021 e 2023.
Na reeleição de Pacheco, senadores chegaram a avaliar que o atual presidente do Senado era "muito próximo" de Alcolumbre e sinalizaram interferências do principal cabo eleitoral de Pacheco em suas decisões.
Alcolumbre reúne apoios entre a base aliada ao governo e senadores de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, ele atendeu a pleitos dos dois grupos.
Em 2023, o senador participou de conversas com Lula e atuou para desobstruir a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também deu, por exemplo, celeridade à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe decisões monocráticas de ministros da Corte.
Nos últimos meses, o presidente da CCJ abandonou o silêncio em torno da possível candidatura e passou a dizer publicamente que está disposto a participar da disputa, desde que com o apoio de senadores.
A oposição defende o lançamento de um nome próprio, como o do líder do grupo, senador Rogério Marinho (PL-RN). Ele disputou a presidência da Casa em 2023 contra Rodrigo Pacheco. Marinho conquistou 32 votos, ante 49 de Pacheco.
Outros nomes surgem em duas das maiores bancadas da Casa — o MDB, que tem 11 senadores; e o PSD, com 15.
Membros do PSD afirmam que a senadora Eliziane Gama (MA) tem indicado o desejo de se colocar como candidata à sucessão de Pacheco em 2025. Em algumas oportunidades, Eliziane defendeu a eleição de uma mulher para a presidência da Casa.
Alas do MDB defendem o lançamento de um nome próprio. As negociações no Senado, segundo o presidente da sigla, têm sido capitaneadas por Eduardo Braga (AM).
Um dos nomes mencionados entre emedebistas é o de Renan Calheiros (AL), que presidiu o Senado em três ocasiões e chegou a renunciar à candidatura na disputa com Alcolumbre, em 2019.
g1
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