O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (17) que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é "um homem responsável" e que ele vai providenciar a votação do novo marco fiscal — norma que vai definir novas regras para as contas públicas do país. Além disso, Haddad afirmou ter resolvido o desentendimento com a Câmara após afirmar que a Casa está com "um poder muito grande" sobre o marco fiscal.
“Não tem aresta, está tudo resolvido. O presidente Lira é um homem responsável e já falou diversas vezes que vai pautar [a votação do arcabouço]. Tem dois textos, e eles têm que discutir qual dos dois vai votar no plenário, mas [o que for aprovado] vem para a sanção presidencial”, afirmou Haddad em entrevista a jornalistas.
Na segunda-feira (14), Lira cancelou uma reunião de líderes partidários que debateria o novo marco fiscal com o relator do arcabouço na Câmara, Claudio Cajado (PP-BA), técnicos da equipe econômica e Haddad. A decisão foi tomada depois de o ministro dizer em uma entrevista que a Câmara está com "um poder muito grande" em relação à tramitação do marco fiscal e não pode usá-lo para "humilhar" o Senado nem o Executivo.
"A Câmara está com um poder muito grande e não pode usar esse poder para humilhar o Senado nem o Executivo. Mas, de fato, ela está com um poder que eu nunca vi na minha vida. Tem que haver uma moderação, que tem de ser construída", disse Haddad.
As declarações causaram incômodo na cúpula da Câmara, que estranhou a postura do petista, tido pelos parlamentares como o "principal articulador político" do governo. Pelas redes sociais, Lira declarou que "manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e na construção de pontes, tão necessários para que o país avance".
Ele também disse que a "formação de maioria política" é uma missão do governo, e não do presidente da Câmara, mas que, mesmo assim, tem se empenhado nesse sentido. O presidente da Casa afirmou ainda ser equivocada a avaliação de que a formação de consensos no Congresso revela uma concentração de poder "de quem quer que seja".
Antes da resposta de Lira e do cancelamento do encontro com as lideranças partidárias, Haddad afirmou a jornalistas que as declarações não eram uma crítica à atual legislatura da Câmara. O ministro disse que, após as repercussões negativas, conversou com Lira por telefone por iniciativa própria. O presidente da Câmara teria pedido a Haddad que esclarecesse publicamente as declarações.
"Eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão, que tínhamos até os dois primeiros governos Lula. Ele não foi substituído por uma relação institucional mais estável. Defendo que a relação fosse mais harmônica e pudesse produzir melhores resultados. Tudo o que tenho feito é dividir com o Congresso e o Judiciário as conquistas do primeiro semestre", desculpou-se Haddad.
R7
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