Novembro 28, 2024

Lula pode ir à África ainda no 1º semestre e busca repetir aproximação de mandatos anteriores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve realizar viagens pelo continente africano ainda no primeiro semestre de 2023, segundo apurou a CNN com sua assessoria. O mandatário planeja visitar África do Sul, Angola e Moçambique em seu “tour”, que pode acontecer já no mês de maio.

A viagem marca uma tentativa de reaproximar o Brasil do continente africano. Durante os oito anos em que esteve à frente do país, Lula teve como uma das prioridades de sua política externa a aproximação com o “Sul Global” — o que inclui a África.

O professor titular do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP) Amâncio Jorge de Oliveira explica que as viagens são “parte importante do relacionamento bilateral”. Ele destaca, porém, que Lula deve aprofundar as relações com o continente em diferentes frentes.

“Não há novidades neste movimento, observando os governos anteriores de Lula. Ele está basicamente retomando sua política externa. E isso não deve ocorrer só do ponto de vista das visitas ao continente, mas também com relações comerciais”, explica.

Alberto Pfeifer, que é coordenador geral do DSI da USP, grupo de análise de Estratégia Internacional, reitera que a aproximação com a África já havia sido observada nos primeiros governos do petista. Ele menciona quais seriam as vantagens estratégicas deste movimento.

“A aproximação com países de nível de desenvolvimento similar, podemos dizer economias em desenvolvimento, faz sentido no que tange a busca de agendas comuns, que facilitem o acesso a financiamento e a regramentos internacionais que deem algum tipo de vantagem a essas economias”, explica.

Lula retoma aproximação “Sul-Sul”
Em suas gestões, Lula fez dos países africanos destinos recorrentes. O petista realizou 33 viagens à nações do continente. Além disso, de 2003 a 2010, o presidente inaugurou 18 novas embaixadas na região.

Neste período, o comércio bilateral entre o Brasil e a África saltou de US$ 5 bilhões a US$ 20 bilhões, segundo o Centro Internacional de Comércio (ITC, na sigla em inglês). As exportações brasileiras para o continente passaram de US$ 2,9 bilhões para US$ 9,2 bilhões; as importações, de US$ 3,2 bilhões para US$ 11,2 bilhões.

A política de aproximação “Sul-Sul” foi abrandada por gestões recentes do governo federal, segundo Amâncio Jorge de Oliveira. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não visitou a região durante seus quatro anos no poder, por exemplo.

“Houve um distanciamento [em relação à África] tanto com [Michel] Temer quanto com Bolsonaro, por questões distintas. Temer operou uma crise doméstica, sem muito espaço para pensar a política internacional. Já com Bolsonaro havia uma questão ideológica”, aponta.

Alberto Pfeifer pontua que as restrições acarretadas pela pandemia impactaram diretamente as agendas de viagens de Bolsonaro. O especialista indica que o ex-presidente teve de elencar prioridades para sua política externa.

“Houve um repensar das relações externas, que privilegiou parceiros com os quais o Brasil tem interesses imediatos, os Estados Unidos, a Europa, a China; os países consumidores das nossas commodities, que são cada vez mais os países do Oriente Médio, da Ásia”, explica.

Valor estratégico e investimentos na África
Os governos anteriores de Lula também promoveram a expansão dos investimentos na África. Em 2010, 60% dos projetos de desenvolvimento internacional do Brasil gerenciados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) eram destinados a países do continente. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Segundo Alberto Pfeifer, o Itamaraty de Lula tinha como um de seus principais objetivos aumentar a presença na região a partir destes projetos. Ainda de acordo com o especialista, tal planejamento foi colocado em prática, mas acabou esmorecido após escândalos de corrupção serem revelados pela Operação Lava Jato.

Amâncio Jorge de Oliveira indica que a retomada dos investimento pode ser estrategicamente vantajosa para o Brasil, mas destaca que “este tipo de investimento precisa ser criterioso”.

“Há de se fazer um balanço de custo benefício. Esse investimento precisa dar um retorno, não podemos pensar nisso sem contrapartidas. Não podemos fazer [investimentos] só por questão ideológica ou outro tipo de afinidade”, conclui.

CNN
Portal Santo André em Foco

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