Um jantar organizado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com a bancada paulista, na noite desta quinta-feira (26), reuniu parlamentares da extrema-direita à esquerda, além de ministros do governo Lula.
Lira é candidato à reeleição e busca uma vitória expressiva para demonstrar poder. As eleições serão realizadas na quarta-feira (1), e Lira costura a formação de uma chapa única, incluindo PT e PL. O jantar foi organizado com o pretexto de iniciar o diálogo com os parlamentares paulistas, mas, segundo os presentes, se converteu em um ato de apoio à candidatura do alagoano.
O encontro ocorreu na residência oficial da Presidência da Câmara. Estavam, no mesmo salão, Eduardo Bolsonaro, Ricardo Salles e Mário Frias, todos da chamada ala ideológica do PL, e deputados do PSOL, como Guilherme Boulos e Érika Hilton. Os dois campos vão protagonizar os embates mais acirrados na legislatura que se inicia em fevereiro. Apesar disso, interlocutores que estavam no encontro dizem que não houve animosidades.
Boulos fez uma visita para “reforçar a convivência democrática” e deixou claro que seu candidato à presidência da Câmara é Chico Alencar (PSOL-RJ), até agora o único adversário de Lira. O presidente da Casa, em tom de brincadeira, chegou a pedir o voto de Boulos, nem que fosse “meio voto”.
Segundo a assessoria de Érika Hilton, ela foi ao evento para tratar de medidas de segurança para seu exercício parlamentar já para o dia da posse, “tendo em vista as ameaças de morte que recebe regularmente”.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), que ocupará algum cargo na Mesa Diretora e tem participado dos encontros organizados por Lira, dessa vez não compareceu. Maria do Rosário já foi alvo de diversos ataques misóginos do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
No acordo capitaneado por Lira, a primeira vice-presidência deverá ficar com Marcos Pereira (Republicanos). Por ter a maior bancada, o PL teria direito ao posto, mas abriu mão em troca de apoio do Republicanos a Rogério Marinho (PL) na eleição ao comando do Senado. Maria do Rosário deverá ocupar algum cargo na Mesa, assim como o deputado Júlio César (PSD). O nome de Lira para o TCU (Tribunal de Contas da União) é o de Jhonatan de Jesus, que deve receber o apoio do PT.
O PT cogitou formar um bloco governista para as eleições, isolando o PL, mas o arranjo dependeria de uma adesão maciça da União Brasil. Nas conversas com o governo, o partido do líder Elmar Nascimento (BA) tem pedido alto: quer continuar no comando da Codevasf, do Banco do Nordeste e FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação).
Rosângela Moro, Tarcísio e ministros
Eleita pela primeira vez, Rosângela Moro (União Brasil) também marcou presença, mas sem o marido, o senador Sérgio Moro. Da bancada paulista do PT estavam Zeca Dirceu (líder do partido na Casa), Vicentinho, Alencar Santana, Arlindo Chinaglia, entre outros. O PT defende o nome de Rui Falcão à presidência da CCJ (Comissão de Constituição de Justiça), mas o parlamentar não esteve no encontro porque viajou a São Paulo para um procedimento médico.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), estava acompanhado do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, seu secretário da Casa Civil. Fez elogios a Lira no discurso, mas evitou menções ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, marcou presença, horas depois de entregar a Lula o “Pacote Antigolpismo”, um conjunto de propostas de mudança na legislação que precisará de amplo apoio no Congresso.
Outro ministro que apareceu foi Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, que chegou depois de 22h. Ele estava em outra reunião, com Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na residência oficial da Presidência do Senado.
Desde 17 de janeiro Lira tem recebido, na residência oficial, integrantes das bancadas estaduais. Na quarta, o encontro foi com os deputados fluminenses, com a presença do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e do governador do Estado, Cláudio Castro (PL), que oficializaram o apoio à recondução de Lira.
Nesta sexta é a vez das bancadas sulistas. Arthur Lira organizou um café da manhã com deputados catarinenses, um almoço com os parlamentares do Paraná e um jantar com a bancada gaúcha.
A dinâmica dos encontros tem sido a seguinte: Lira recebe os convidados e faz um primeiro discurso, no qual faz uma defesa de sua gestão na Câmara e apresenta as prioridades da próxima legislatura. O presidente da Câmara costuma dizer que o momento é de união, condenando os atos antidemocráticos. Em seguida, passa a palavra para os outros integrantes da chapa.
Arthur Lira
Portal Santo André em Foco
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