Mais da metade dos deputados federais eleitos gastou acima de R$ 1 milhão para conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições 2022. Nesse grupo, 90 investiram mais de R$ 2 milhões. Os dados, que ainda podem apresentar mudanças até o fim de outubro, foram compilados da base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os eleitos, 283 desembolsaram mais do que 1 milhão, o equivalente a 56% do total. Foram analisados os dados de 503 deputados eleitos - os outros 10 estão sob revisão do TSE.
O deputado com a maior despesa registrada é do Cidadania de São Paulo. Arnaldo Calil Pereira Jardim gastou R$ 3,286 milhões na campanha. O valor é 657 vezes maior que as despesas realizadas por Eduardo Henrique da Fonte e Luiz Eduardo Queiroz, ambos eleitos pelo PP de Pernambuco e com gasto individual de apenas R$ 5 mil cada um.
Entre os dados analisados pelo g1, não constam as despesas de dois deputados eleitos por Sergipe e Rio de Janeiro que aparecem com gastos zerados no TSE. Também não consideram os dados dos nove deputados federais eleitos de Alagoas, pois os dados estão sendo revisados pelo TSE.
Apesar da alta soma de recursos entre os eleitos, 13 parlamentares foram eleitos com uma despesa menor que R$ 100 mil. Além de Eduardo Henrique (PP-PE) e Luiz Eduardo Henrique de Queiroz (PP-PE), que gastaram R$ 5 mil cada, estão na lista das campanhas mais baratas Maria do Socorro Medeiro (PP-AC), com R$ 11 mil em despesas, e Roberto Duarte Junior (Republicanos), que gastou R$ 33 mil para ser eleito pelo Acre.
Disparidades nas campanhas estaduais
As disparidades nos gastos de campanha também aparecem entre os deputados estaduais eleitos. Embora apenas 3,4% tenham desembolsado mais de R$ 1 milhão nas suas campanhas, com exceção dos candidatos de Alagoas, cujos dados passam por revisão, o deputado eleito que mais gastou apresentou despesas cerca de 12 mil vezes maior do que a menor despesa registrada entre os eleitos. Carlos Eduardo Pignatari do PSDB de São Paulo foi eleito para a Assembleia Legislativa do Estado com um gasto de campanha R$ 1,26 milhões. A maior registrada até o momento na base do TSE.
No extremo oposto, está a candidatura de Rárison Francisco Rodrigues Barbosa (PMB), que vai assumir uma cadeira na Assembleia de Roraima, depois de gastar apenas R$ 106 na campanha, segundo os dados parciais registrado no TSE até o momento. Além dos dados faltantes dos deputados estaduais de Alagoas, cuja base do TSE passa por ajustes, nove candidatos eleitos estão com prestação de contas das despesas zeradas.
Eleitos com 100% de financiamento do próprio bolso
Outro recorte mostra como as campanhas utilizaram os recursos de campanha este ano. Entre os candidatos eleitos em todo país, 799 recorreram a recursos próprios para financiar as campanhas. Em valores absolutos, Wilder Pedro Morais (PL) foi eleito senador por Goiás com a maior quantia gasta do próprio bolso: R$ 440 mil.
Em segundo lugar, vem o filho do senador Renan Calheiros, José Renan Vasconcelos (MDB-AL), que desembolsou R$ 364 mil para ser eleito. O terceiro que mais gastou em recursos próprios foi o deputado federal eleito Maurício Fonseca Ribeiro, do União Brasil de Rondônia (R$ 357 mil). Apesar dos altos valores, a proporção do autofinanciamento em relação à receita total para esses candidatos foi baixa. Para José Renan foi de apenas 10,8%, enquanto para Maurício Fonseca, 16,9%. No caso de Wilder Morais, candidato com a maior receita absoluta oriunda do próprio candidato, a proporção chegou a 30,5%.
O ranking segundo a maior proporção de recursos próprios utilizados pelos candidatos segundo o total da receita de cada um mostra outra distribuição. Oito candidatos foram eleitos com 100% de financiamento da campanha com recursos do próprio bolso. Todos são deputados estaduais. É caso de Francisco Alves Machado Neto (Solidariedade-RJ), que desembolsou R$ 125 mil para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio. Em seguida, vem Francisco Nagib Buzar (PSB-MA), que aplicou do próprio bolso R$ 123 mil na sua candidatura a deputado estadual.
No geral, o maior número de candidatos a deputados estaduais com maiores percentuais de financiamento próprio de campanha está relacionado a um padrão. Quem concorre pelas assembleias legislativas desembolsam mais do próprio bolso. Em média, cerca 17,4% dos recursos de campanha para deputado estadual são de financiamento próprio, seguido daqueles que concorrerem o cargo de deputado distrital (12,8%), e deputado federal, com apenas 6,5%.
g1
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