Após reunião com líderes partidários, a relatora da proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre imunidade parlamentar, deputada Margarete Coelho (PP-PI), disse nesta quinta-feira (25) que ficará de fora do seu parecer o ponto que alterava a regra sobre inelegibilidade na Lei da Ficha Limpa.
A matéria deve ser votada pela Câmara na tarde desta quinta-feira em primeiro turno.
A PEC teve a admissibilidade aprovada no plenário da Câmara na quarta-feira (24). O texto prevê novas regras para a imunidade parlamentar e para a prisão de deputados e senadores. Na prática, a proposta dificultará a prisão dos parlamentares em alguns casos.
O projeto é uma reação à prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o parlamentar divulgar um vídeo em que ele faz apologia ao AI-5, ato mais duro da ditadura militar, e defende a destituição de ministros do STF. As duas pautas são inconstitucionais. Para o STF, Silveira extrapolou o direito parlamentar de manifestar opinião livremente.
O texto, que tramita em ritmo veloz na Câmara, foi incluído na pauta do plenário horas após ter sido protocolado, sem passar por nenhuma comissão antes, o que é incomum.
A velocidade de tramitação gerou críticas de alguns partidos, como PSOL e Novo. Entre os críticos, proposta tem sido chamada de "PEC da Impunidade".
Duplo grau de jurisdição
O trecho da proposta retirado do parecer pela relatora previa que um candidato só poderia ficar inelegível após o duplo grau de jurisdição — ou seja, após a fase de recurso.
Na avaliação de parlamentares críticos à medida, isso daria brecha para que alguém decidisse simplesmente não recorrer de uma decisão para não se tornar inelegível.
A reunião entre os líderes e a relatora foi convocada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na tentativa de superar resistências à proposta. Mais cedo nesta quinta, Lira negou que o projeto seja uma "blindagem" que a Câmara está fazendo para si mesma.
“Tudo o que diz respeito ao duplo grau de jurisdição ficou fora. Vai ser retirado do nosso substitutivo. Então, aquilo que toca no artigo 14, parágrafo 9º, a respeito do duplo grau de jurisdição para impor inelegibilidade, foi afastado. E, por afastamento, saíram também o duplo grau de jurisdição no Supremo [Tribunal Federal] e no STJ. Ficou somente o artigo 53”, afirmou a relatora Margarete Coelho.
A PEC teve o aval para tramitar aprovado pelo plenário na noite de quarta-feira (24) após intensa articulação. Na sessão de quarta, os deputados analisaram apenas aspectos formais, ou seja, se a redação não fere princípios jurídicos ou constitucionais. A discussão e votação do mérito (teor) ficaram para esta quinta.
Confira os pontos que ficarão de fora da PEC, segundo a relatora:
LEI DA FICHA LIMPA
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
G1
Portal Santo André em Foco
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