Novembro 26, 2024

Guedes diz que, se Marinho falou mal dele, é 'despreparado', 'desleal' e 'fura-teto'

O ministro Paulo Guedes, da Economia, disse nesta sexta-feira (2) não acreditar que o colega Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) tenha falado mal dele. Mas, segundo Guedes, se falou, é "despreparado", "desleal" e "fura-teto".

Guedes se referia a reportagem do serviço Broadcast, do jornal "O Estado de S. Paulo", segundo a qual, em um encontro fechado com investidores, Marinho teria afirmado que o ministro da Economia foi o autor da proposta — rechaçada pelo próprio Guedes — de usar recursos de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) para financiar o programa Renda Cidadã.

De acordo com o Broadcast, Marinho teria afirmado que o Renda Cidadã "sai por bem ou por mal" e que "a dor pode ser furar o teto mesmo", em referência ao teto de gastos, que limita as despesas públicas.

"Eu espero que ele não tenha falado nada de mal. Eu espero que ele não tenha falado nada de mal. Eu vou subir e depois eu desço e explico o que está acontecendo. Eu não acredito que ele tenha falado isso. Eu realmente não acredito que ele tenha falado mal de mim. Agora se falou, falou que está querendo furar teto, falou de precatório, quando eu descer eu explico tudo para vocês, tudo que está acontecendo. Se falou já pode saber: é despreparado, é desleal e confirmou que é um fura-teto, mas eu não acredito que tenha falado", disse Guedes a repórteres na portaria do Ministério da Economia.

A assessoria do Ministério do Desenvolvimento Regional informou que o ministro Rogério Marinho não vai se manifestar sobre a declaração do ministro Paulo Guedes.

Em nota divulgada pouco antes da fala de Guedes, o ministério informou que não houve "desqualificações ou adjetivações de qualquer natureza contra agentes públicos".

"Não foram feitas desqualificações ou adjetivações de qualquer natureza contra agentes públicos, nem tampouco às propostas já apresentadas. Quem dissemina informações falsas como essas tem claro interesse em especular no mercado, gerando instabilidade e apostando contra o Brasil", diz a nota (leia a íntegra ao final desta reportagem).

De acordo com a nota, as informações a respeito da reunião com investidores, em São Paulo, chegaram à imprensa "de maneira distorcida".

"A reunião teve o intuito de reforçar o compromisso do governo com a austeridade nos gastos e a política fiscal. Em sua fala, Rogério Marinho destacou que o governo reconhece a necessidade de construção de uma solução para as famílias que hoje dependem da auxílio emergencial e que essa solução será resultado de um amplo debate com o parlamento, em respeito à sociedade e às âncoras fiscais que regem a atuação do governo", diz a nota.

Paulo Guedes tem atuado dentro do governo para que a regra do teto de gastos seja respeitada. Em agosto, após notícias de que o ministro Rogério Marinho era um defensor da flexibilização da regra do teto, o ministro da Economia conseguiu que o presidente Jair Bolsonaro se manifestasse publicamente a favor da regra e manifestasse o compromisso de que o governo respeitará o teto de gastos.

Como solução para as demandas por mais recursos para investimentos, a equipe de Paulo Guedes prometeu remanejar recursos para as pastas do Desenvolvimento Regional e de Infraestrutura.

Nota do Desenvolvimento Regional
Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.

NOTA

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, vem a público esclarecer as informações sobre a reunião realizada com pequeno grupo de economistas, na manhã desta sexta-feira, em São Paulo, e que chegaram a imprensa de maneira distorcida. A reunião teve o intuito de reforçar o compromisso do governo com a austeridade nos gastos e a política fiscal. Em sua fala, Rogério Marinho destacou que o governo reconhece a necessidade de construção de uma solução para as famílias que hoje dependem da auxílio emergencial e que essa solução será resultado de um amplo debate com o parlamento, em respeito à sociedade e às âncoras fiscais que regem a atuação do governo.

O debate das últimas semanas e o árduo processo estabelecido para a construção de uma proposta que garanta a segurança alimentar das pessoas mais fragilizadas é uma demonstração do amadurecimento e consolidação das instituições brasileiras que defendem a disciplina fiscal e a saúde econômica do país, preservando as contas públicas e o teto dos gastos. O próprio fato de a inclusão do Renda Cidadã no orçamento exigir um debate de tal magnitude e um trabalho de grande complexidade, mostra como evoluímos de forma salutar na adoção de salvaguardas para manutenção do equilíbrio fiscal.

Não foram feitas desqualificações ou adjetivações de qualquer natureza contra agentes públicos, nem tampouco às propostas já apresentadas. Quem dissemina informações falsas como essas tem claro interesse em especular no mercado, gerando instabilidade e apostando contra o Brasil.

G1
Portal Santo André em Foco

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