Com mais de 506 mil inscritos até o início na noite deste domingo (27) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), número por enquanto 9% maior que o de 2016, os candidatos a vereador em todo país começam agora a corrida para conquistar a atenção dos eleitores. Nesse contingente, existem aqueles que decidiram adotar o nome de lideranças políticas conhecidas, estratégia que, segundo especialistas, não garante vitória nas urnas.
Pelos dados atualizados até domingo, 82 candidatos a vereador e 2 a prefeito adotaram “Bolsonaro” como sobrenome. Entre eles, existe até um “Jair Bolsonaro”, candidato a vereador da pequena Laranjal do Jari, cidade com apenas 39 mil habitantes no interior do Amapá. Também há um candidato pelo PSL no município de Brusque, em Santa Catarina, que adotou o codinome “Donald Trump Bolsonaro”.
Duas exceções, no entanto, constam da lista de inscritos: a do filho do presidente da República Carlos Bolsonaro, e da ex-mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro. Ambos disputam uma vaga para a Câmara Municipal do Rio.
O ex-presidente Lula também aparece entre os nomes de candidatos em cidades brasileiras. Pelo menos 24 competidores adotarão nas urnas o nome “Lula”. Entre nome único e sobrenome, “Lula” é utilizado no total por 76 postulantes ao cargo de vereador em todo país e por dois candidatos a prefeito. Não é possível identificar se os candidatos mudaram o nome exclusivamente por conta das eleições ou se eles já tinham esse sobrenome.
O nome do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro também foi lembrado por quatro candidatos que adotarão “Moro” nas urnas. É possível, no entanto, que o nome seja também apenas um apelido sem vínculo direto com a imagem do ex-juiz.
Recorde de candidatos a vereador
Na disputa deste ano, que conta com um recorde do número de competidores para vereador, a relação será, por enquanto, de 9 candidatos para cada vaga.
Na avaliação de Pedro Mundim, professor de ciência política da Universidade Federal de Goias (UFG), a estratégia de adotar nomes conhecidos da política não garante voto nas urnas. Segundo ele, o eleitor sabe que o candidato não é “Bolsonaro” ou “Lula” e, quase sempre busca outros elementos para se informar sobre os competidores.
Mundim explica que esta é uma estratégia de comunicação que tende mais a virar meme nas redes sociais do que mobilizar os eleitores.
“Os eleitores sabem que não é o Lula ou o Bolsonaro que estão concorrendo. Eventualmente, esses candidatos a vereador podem querer sinalizar para o eleitor que eles seguem as políticas dessas lideranças conhecidas, mas esse tipo de estratégia acaba não funcionando. Se você tem dez candidatos utilizando essa estratégia, em um mesmo estado ou mesma cidade, eles acabam não se diferenciando", explica Mundim.
"Nesse contexto, os eleitores tendem a buscar outros elementos para comparar esses candidatos, como as legendas, imagens, vínculos afetivos, mas não porque eles usam o nome de uma figura conhecida”, completa.
O professor da UFG ressalta, ainda, que é preciso um estudo mais detalhado para saber se os nomes que aparecem como “Lula”, por exemplo, de fato correspondem a uma decisão estratégica ou se é apenas uma coincidência de nomes.
“A figura do ex-presidente é muito conhecida porque ele está há muitos anos na cena política. Nesse caso, pode ser que tenha sido uma estratégia do candidato que, como disse, não necessariamente ajuda a ganhar votos. Agora, é preciso lembrar que 'Lula' também é um apelido comum, muitas pessoas adotam”, afirma Mundim.
G1
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