O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (11) durante discurso na sede da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que, quanto maiores as "pressões" que recebe, mais vontade tem de continuar no cargo.
Segundo Bolsonaro, "poucos resistiriam" às pressões que diz sofrer como presidente. Ele não especificou qual é a origem ou quais são os autores das pressões.
"Me desculpem aqui a sinceridade: poucos resistiram às pressões que tenho sentado naquela cadeira presidencial. Quanto maiores as pressões, mais vontade eu tenho de continuar, com mais força continuo."
Antes, disse que o governo começou de forma diferente em relação aos anteriores porque, segundo afirmou, os ministros foram escolhidos por critérios técnicos, não políticos, o que, na opinião dele, faz com que os empresários "restabeleçam" a confiança no Poder Executivo.
"Os senhores podem até sobreviver sem governo, mas um governo sucumbirá sem os senhores. Sem querer parafrasear a Margaret Thatcher [ex-primeira-ministra da Inglaterra], quem deve conduzir o destino da nação são os senhores, o povo. Vocês que têm que dar o norte para nós. O que temos de fazer? Não atrapalhá-los, coisa comum até há pouco tempo, muito comum em governos – criar dificuldade para vender facilidade", afirmou.
Na sequência do discurso, Bolsonaro afirmou, sem citar nomes, que "ruralistas" o procuraram para sugerir a troca do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Em resposta, relatou o presidente, disse a essas pessoas que trocaria Salles por Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente no governo Michel Temer, o que arrancou risos da plateia.
Bolsonaro disse, então, que Salles está "no lugar certo" e está fazendo o "casamento" entre o meio ambiente e o setor produtivo.
Acrescentou, em seguida, ter dado a seguinte orientação ao ministro quando o escolheu para o cargo: "Mete a foice em todo mundo, não quero xiita ocupando esses cargos. Tem gente boa lá? Tem. Mas o homem do campo não pode se apavorar mais com a fiscalização".
Segundo Bolsonaro, a fiscalização deve, em um primeiro momento, advertir. "Caso [o produtor] persista no erro, aí tudo bem [multar]. [...] Vamos acabar com a indústria da multa no campo. Eles podem sobreviver sem a cidade, mas nós não podemos sobreviver sem o campo", declarou o presidente.
No discurso, ele também se referiu à Baía de Angra (RJ). Voltou a afirmar que gostaria de transformar a estação ecológica numa área voltada para o turismo. Disse, contudo, que as leis atuais "travam o Brasil".
"Nós queremos mudar aquilo. Como faz para revogar decreto? Acho que todo mundo dizia 'o que revoga decreto é outro decreto'. Não, para o meio ambiente tem que ser lei. Olha as dificuldades começando a aparecer. Esse aparelhamento das leis vem de algum tempo e trava o Brasil. A questão ambiental, então, estamos tratando disso", declarou o presidente.
G1
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