O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta sexta-feira (3) que "médico não abandona o paciente".
Mandetta deu a declaração em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto depois de ter sido questionado se deixará o cargo.
Nesta quinta (2), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele e Mandetta têm se "bicado há algum tempo" e que o ministro da Saúde "extrapolou" em meio à crise provocada pelo novo coronavírus. Bolsonaro afirmou ainda que nenhum ministro é "indemissível". Nesta sexta, segundo informou o Blog de Cristiana Lôbo, o presidente disse a assessores que não demitirá o ministro.
"Quanto a eu deixar o governo por minha vontade, eu tenho uma coisa na minha vida que eu aprendi com os meus mestres: 'Médico não abandona paciente, meu filho'. Eu já cansei de terminar plantão na minha vida, e o plantonista que tinha que chegar para me render, para eu poder ir embora, não aparecer, por problemas quaisquer, e eu ficar 24 horas dentro do hospital", declarou Mandetta nesta sexta.
"Eu já passei Natal dentro de hospital com filho pequeno em casa e mulher esperando. O foco é do serviço. É do trabalho. Esse paciente chamado Brasil, quem me pediu para tomar conta dele neste momento é o presidente. E eu tenho dado para ele todas as informações. E entendo, entendo. Entendo os empresários que se queixam a ele. Entendo as pessoas que veem o lado político e colocam a ele. Entendo as pessoas que gostariam que a solução fosse uma solução rápida", acrescentou o ministro da Saúde.
Nas últimas semanas, Bolsonaro e Mandetta deram opiniões diferentes sobre o combate ao novo coronavírus.
Enquanto o ministro defende o isolamento, assim como orienta a Organização Mundial de Saúde (OMS), Bolsonaro tem defendido o fim do "confinamento em massa" e a reabertura do comércio.
Pesquisa de aprovação
Durante a entrevista no Planalto, Mandetta também foi questionado sobre a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta. O ministro da Saúde disse que o resultado é "efêmero" e "passageiro".
Segundo a pesquisa, 33% dos entrevistados aprovaram as ações do presidente Jair Bolsonaro nas medidas contra o coronavírus. Conforme a mesma pesquisa, 76% aprovam as ações do Ministério da Saúde, mais que o dobro do percentual de aprovação do presidente.
"Essa crise passa. Daqui a pouco eu sou passado. [...] Calma, não tem ninguém aqui que não entenda o papel que está cumprindo", afirmou.
"O que tiver confirmação científica, o que puder abrir para vocês, vai ser assim. Números e pesquisas instantâneas não querem dizer nada. Nós não somos uma ilha. Isso aqui é parte do governo Bolsonaro", acrescentou.
O ministro completou afirmando que o presidente da República "tem a caneta" para nomeá-lo e retirá-lo do cargo.
G1
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