A equipe de defesa do presidente Donald Trump contra as acusações do impeachment vai contar com Kenneth Starr, o responsável pela acusação contra Bill Clinton, de acordo com relatos da mídia norte-americana nesta sexta-feira (17).
A investigação de Starr sobre relacionamentos sexuais de Clinton com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky fizeram com que o então presidente dos EUA sofresse um impeachment na Câmara em 1998.
O advogado Alan Dershowitz e Robert Ray, que sucedeu Starr como promotor independente e redigiu o relatório final sobre Clinton, também vão integrar a defesa de Trump.
Em uma rede social, Lewinsky fez uma referência à escolha de Starr para compor a defesa de Trump. "Hoje é decididamente um dia de 'você está de brincadeira comigo'?'", publicou ela.
Donald Trump é o terceiro presidente da história dos Estados Unidos a sofrer impeachment na Câmara — e o primeiro a passar pelo processo enquanto luta pela reeleição ao cargo.
Antes de Trump, Andrew Johnson e Bill Clinton tiveram processos de impeachment aprovados pela Câmara, mas ambos foram absolvidos pelo Senado e não perderam o cargo. Assim como Trump, eles continuaram no cargo enquanto aguardavam o julgamento no Senado.
Processo chega ao Senado
Na quinta-feira (16), o Senado dos Estados Unidos recebeu formalmente as acusações de impeachment contra Trump. O presidente da Suprema Corte de Justiça, John Roberts, prestou juramento para liderar o julgamento, que decidirá se o republicano deve ser afastado do poder — algo improvável, uma vez que o partido governista detém a maioria dos senadores.
Em seguida, os 100 senadores prestaram juramento se comprometendo a atuar de maneira imparcial perante Roberts, de 64 anos e nomeado membro da instância máxima da justiça americana pelo ex-presidente George W. Bush.
O que deve acontecer a seguir:
Tendência é manter Trump no cargo
O Senado deve absolver Trump e mantê-lo no cargo, já que nenhum dos 53 republicanos expressou apoio à sua remoção — uma medida que exigiria uma maioria de dois terços.
Trump é acusado de pressionar a Ucrânia
Um evento crucial para o processo foi um telefonema de 25 de julho no qual Trump pediu ao presidente ucraniano que investigasse Biden e seu filho, Hunter Biden, por corrupção e que analisasse uma teoria desacreditada segundo a qual a Ucrânia, e não a Rússia, tinha interferido na eleição norte-americana de 2016.
Os artigos de impeachment são os seguintes:
Abuso de poder ao pedir investigação ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, contra a família de Joe Biden. Deputados consideraram a ação uma "interferência de um governo estrangeiro" em favor da reeleição de Trump em 2020;
Obstrução ao Congresso por impedir diversas pessoas ligadas à sua administração de prestar depoimento (inclusive algumas que tinham sido intimadas) e por se recusar a entregar documentos aos investigadores durante o inquérito.
Os republicanos argumentam que esta ação e a retenção de US$ 391 milhões em ajuda de segurança à Ucrânia em troca das investigações não chegam a ser delitos dignos de impeachment, e acusaram os democratas de usarem o caso ucraniano para anular a vitória de Trump em 2016.
Violação à lei
Também nesta quinta-feira um órgão não-partidário de acompanhamento do governo, ligado ao Congresso -- o Government Accountability Office (GAO) --, avaliou que a Casa Branca violou a lei federal ao reter essa ajuda de segurança aprovada pelos parlamentares para a Ucrânia.
Órgão do Congresso, o GAO é visto como uma importante agência de auditoria para o governo federal que aconselha parlamentares e várias entidades governamentais sobre como são gastos os dólares dos contribuintes.
Suas conclusões não são legalmente vinculantes, mas seus relatórios são vistos pelos parlamentares como objetivos, confiáveis e geralmente incontestáveis, segundo a agência Reuters. O GAO não tem poder processual.
G1
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