Representantes de Canadá, Ucrânia, Suécia, Afeganistão e Reino Unido afirmaram, nesta quinta-feira (16), que querem que o Irã indenize as famílias das 176 pessoas que morreram depois que um avião caiu ao ser atingido por um míssil do país no dia 8 de janeiro, em Teerã. Eles pediram que o país assuma a "total responsabilidade" pelo incidente.
Em comunicado, os representantes dos cinco países disseram ainda que o Irã deve "realizar uma investigação internacional minuciosa, independente e transparente, aberta às nações em luto", de acordo com comunicado divulgado durante encontro em Londres. O país deve, ainda, conduzir procedimentos judiciais "imparciais" contra os responsáveis por atingir o avião.
Na terça (14), o Irã anunciou a prisão de envolvidos na queda da aeronave, mas não disse quantas pessoas foram presas nem os nomes delas.
A aeronave, do modelo Boeing 737, caiu pouco depois de decolar de Teerã com destino a Kiev, na Ucrânia. As pessoas a bordo tinham as nacionalidades dos cinco países reunidos nesta terça, além do próprio Irã. Logo que o avião caiu, o ministro de Relações Exteriores ucraniano informou que havia vítimas alemãs, mas, depois, a Alemanha desmentiu a informação.
O Irã, a princípio, negou que tivesse derrubado a aeronave, mas, depois, admitiu a culpa e afirmou que o lançamento do míssil tinha sido um erro humano.
"Estamos aqui para buscar um desfecho, uma responsabilização, transparência e a justiça" para as vítimas, disse o ministro de Relações Exteriores do Canadá, François-Philippe Champagne.
Além dele, participaram o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Vadym Prystaiko, a ministra sueca de Relações Exteriores, Ann Linde, o ministro de Relações Exteriores em exercício do Afeganistão, Idrees Zaman, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, e o ministro britânico para o Oriente Médio, Andrew Murrison.
Antes da reunião, no Alto Comissariado do Canadá, em Londres, eles acenderam velas em uma vigília em memória aos passageiros mortos e membros da tripulação.
François-Philippe Champagne declarou, ainda, que havia sido um "bom primeiro passo" o Irã ter assumido a responsabilidade.
"A partir dessa admissão, obviamente, decorrem consequências", disse Champagne, incluindo a necessidade de indenização.
Investigações
Seguindo normas internacionais, o Irã convidou Ucrânia, Canadá, Estados Unidos e França para participar da investigação do acidente, já que o Boeing 737 foi construído nos Estados Unidos e o motor, por um consórcio francês e americano. Mas não está claro se o país compartilhará todos os detalhes importantes ou fornecerá aos especialistas dos países acesso total, diz a Associated Press.
O Canadá - que não tem embaixada no Irã porque rompeu relações diplomáticas com o país em 2012 - exigiu status oficial na investigação. O ministro dos Transportes do Canadá, Marc Garneau, disse na quarta (15) que dois investigadores canadenses estavam no Irã como parte de uma equipe internacional e tiveram uma boa cooperação - mas o país quer que sua participação na investigação seja formalizada.
Garneau disse que os gravadores de dados de voz e voo do avião estão nas mãos do Irã, mas outros dois investigadores canadenses estão prontos para participar da análise.
Champagne, o ministro das Relações Exteriores canadense, afirmou que o Canadá, os outros quatro países atingidos e a Holanda, que perdeu quase 200 cidadãos quando um avião da Malásia que voava de Amsterdã foi abatido sobre o leste da Ucrânia em 2014, se ofereceram para fornecer conhecimentos especializados à investigação. Ele pediu ao Irã que aceite a ajuda e que permita às autoridades consulares dos países acesso total.
A queda do avião ocorreu em meio a uma crise entre o Irã e os Estados Unidos devido ao assassinato, pelos americanos, do general Qassem Soleimani, o principal do país. Dias depois, o Irã disparou mísseis contra bases iraquianas usadas para abrigar tropas americanas em retaliação pelo ataque. Em um lançamento horas depois, o avião foi atingido.
G1
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