A França entrou nesta quinta-feira (12) no 8º dia de greve contra a reforma da Previdência anunciada pelo governo do presidente Emmanuel Macron. Os sindicatos pediram a ampliação do movimento e negaram a possibilidade de uma "trégua de Natal".
"A greve continua e lamentamos porque não havíamos previsto desta maneira. Percebemos que o governo não dá o braço a torcer e isto vai durar algum tempo. Não haverá trégua de Natal, exceto se o governo encontrar a razão", afirmou o secretário-geral do sindicato CGT (trabalhadores ferroviários), Laurent Brun, à rádio France Info.
Impacto nos transportes
Na manhã desta quinta, em cidades como Paris a grande maioria dos transportes públicos não funcionava e os poucos que circulavam estavam lotados.
O centro da capital estava em colapso com o grande número de veículos particulares e centenas de cidadãos tentavam chegar aos locais de trabalho a pé ou de bicicleta.
O porto de Le Havre (noroeste), o segundo maior da França, amanheceu bloqueado por quase mil manifestantes, segundo a polícia. "Bloqueamos os oito pontos principais (de entrada). Vamos continuar aqui o dia todo", disse Sandrine Gérard, do sindicato CGT.
Novas passeatas estão programadas para esta quinta-feira em Paris e Marselha e um novo dia de mobilização nacional foi convocado para 17 de dezembro, o terceiro em menos de duas semanas.
Detalhes da proposta do governo
Na quarta-feira (11), o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou o projeto integral de reforma da Previdência, que pretende transformar os 42 regimes diferentes do país em um sistema único. O chefe de governo defendeu que "todo mundo sairá ganhando" com a mudança.
O governo mantém o plano, uma das promessas de campanha de Macron, mas aceitou flexibilizar alguns pontos após os protestos da última semana.
Philippe afirmou que os anúncios do governo eram suficientes para acabar com a paralisação no país. "Minha porta está aberta, minha mão está estendida", declarou.
No entanto, as concessões não foram consideradas suficientes pelos sindicatos do serviço público e prometeram estender a greve dos transportes iniciada há sete dias até que o governo desista de seu plano.
Até mesmo a central sindical CFDT, mais moderada, com maior peso na atividade privada e que respalda a passagem para um plano de pensões único, criticou os anúncios, pois disse que, ao pretender que os franceses trabalhem mais tempo, se "cruzou uma linha vermelha".
O governo quer evitar a qualquer custo uma nova crise social, após a mobilização dos coletes amarelos, o movimento de protesto que surgiu há um ano e provocou uma forte queda de seu nível de popularidade.
Por isso, tentou estender a mão novamente aos sindicatos. "Há espaço para negociação", disse o ministro da Economia, Bruno Le Maire.
Uma das questões que mais enfurece os trabalhadores é o aumento para 64 anos da idade mínima para obter a aposentadoria integral. Atualmente, a idade legal mínima de aposentadoria é 62 anos e continuará sendo, mas com direito a uma pensão menor.
O governo contempla apresentar o projeto de lei sobre a reforma no conselho de ministros de 22 de janeiro, antes de enviar o texto ao Parlamento no fim de fevereiro.
France Presse
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