Os saques em um hotel e em vários supermercados, além de incêndios em diferentes partes do Chile registrados nas primeiras horas desta quarta-feira (27) aumentaram a tensão na crise social que atinge o país há seis semanas.
"Está alcançando níveis de violência que não eram vistos no Chile desde o retorno à democracia" [em 1990], declarou o ministro da Defesa Alberto Espina, falando ao Congresso.
Um dos episódios mais violentos foi registrado na cidade de La Serena, um dos principais resorts à beira-mar na costa norte do país, a cerca de 480 quilômetros de Santiago, com saques e queima de um hotel tradicional no centro da cidade, o Costa Real.
Na cidade portuária de San Antonio, na região de Valparaíso, a fúria foi repetida com atos de vandalismo que incluíam o ateamento de fogo às instalações do jornal local "El Líder", um novo ataque à mídia que reproduz o que foi realizado contra o jornal "El Mercurio" de Valparaíso, o jornal mais antigo do Chile.
Mais ao sul, em Concepcion, uma manifestação - registrada em meio à greve de dois dias convocada pelo principal sindicato do Chile (CUT) - terminou com incidentes violentos entre homens encapuzados e a Polícia, as mesmas cenas que há mais de um mês se repetem todos os dias em todo o país.
Em Santiago, a estação de metrô República, localizada em um distrito universitário no centro, sofreu novamente danos que obrigaram as autoridades a suspender sua operação, acrescentando um novo problema à rede ferroviária metropolitana onde a revolta começou em 18 de outubro e terminou com mais de 70 estações danificadas.
Em várias partes do país, os panelaços voltaram com força na noite de terça-feira (26), depois de ser noticiado que o estudante universitário Gustavo Gatica ficou totalmente cego devido às balas disparadas por agentes de choque há algumas semanas.
Queda da tarifa de rodoviárias
No início do dia, o movimento "No+Tag" - que exige uma queda nos preços das tarifas rodoviárias e que as dívidas sejam perdoadas para os usuários dessas estradas - retomou as principais vias de acesso de Santiago, causando engarrafamentos.
Violações sérias
A organização Human Rights Watch (HRW) encontrou violações "sérias" dos direitos humanos pelas forças policiais ao reprimir protestos sociais no Chile e recomendou uma reforma da instituição.
"Membros da polícia nacional chilena cometeram graves violações dos direitos humanos, que incluem uso excessivo da força nas ruas e abusos na detenção" durante os protestos em massa que começaram em 18 de outubro de 2019, aponta o relatório da HRW divulgado em Santiago e que concorda com outro texto divulgado na semana passada pela Anistia Internacional.
A organização coletou "centenas de denúncias preocupantes sobre o uso excessivo da força nas ruas e abusos contra detidos, como espancamentos brutais e abuso sexual que não podem ficar impunes e devem ser rápida e rigorosamente investigados e sancionados", disse em entrevista à imprensa, José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da HRW.
Human Rights Watch também recomendou uma profunda reforma da polícia chilena, para revisar os poderes de detenção para controle de identidade, garantir a existência de mecanismos de controle interno para investigar e fortalecer o treinamento policial, entre outras medidas.
A Polícia chilena informou que recebeu com "humildade e responsabilidade" o relatório da HRW, revelou Karina Soza, diretora de Direitos Humanos dos Carabineiros, admitindo que agentes que supostamente "cometeram erros" estão sendo "investigados".
France Presse
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