Drones atacaram nesta sexta-feira (02) uma embarcação que transportava ajuda para Gaza, em águas internacionais ao largo de Malta, de acordo com o grupo que estava organizando o envio. Um incêndio começou, mas foi controlado, segundo as autoridades locais.
Um rebocador nas proximidades atendeu a um chamado de socorro do navio Conscience, que transportava 12 tripulantes e quatro civis, informou o governo de Malta, acrescentando que os ocupantes se recusaram a deixar a embarcação. O grupo está seguro e não houve relatos de feridos.
A Coalizão da Frota da Liberdade acusou Israel de atacar o navio. O grupo não apresentou provas da acusação nem evidências de que os drones causaram o incêndio, mas em um vídeo compartilhado por eles é possível ouvir uma explosão. Um outro vídeo mostra um incêndio em chamas.
O exército israelense não respondeu aos pedidos de comentários.
Israel cortou todas as importações para Gaza, incluindo alimentos e medicamentos, desde o início de março, levando ao que é considerado a pior crise humanitária em quase 19 meses de guerra com o Hamas.
Israel afirma que o bloqueio é uma tentativa de pressionar o grupo militante palestino a libertar os reféns capturados durante o ataque de 7 de outubro de 2023, que deu início ao conflito.
Naquele dia, militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis, e sequestrando 251. O Hamas ainda mantém 59 reféns, dos quais 24 acredita-se estarem vivos.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que matou mais de 52 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia combatentes de civis.
Os bombardeios e as operações terrestres de Israel destruíram vastas áreas do território e deixaram a maior parte da população desabrigada.
Quando uma frota tentou romper o bloqueio de Gaza em 2010, forças israelenses invadiram um navio turco, o Mavi Marmara, matando nove pessoas a bordo.
Nesta sexta-feira (02), o navio Conscience foi atingido a cerca de 26 quilômetros de Malta, segundo a Coalizão da Frota da Liberdade.
Charlie Andreasson, envolvido com o grupo há mais de uma década, disse à Associated Press que falou com pessoas a bordo que relataram duas explosões e o início de um incêndio.
Fotos fornecidas pelas autoridades do Chipre mostraram danos na lateral do navio. As pessoas a bordo não puderam ser contatadas imediatamente para comentar.
Mais cedo, o grupo afirmou que o ataque parecia ter como alvo o gerador do navio, causando uma “brecha substancial no casco” e deixando-o sem energia. Segundo eles, isso colocou a embarcação em risco de naufrágio.
De acordo com o site de monitoramento marítimo Marine Traffic, o Conscience deixou o porto de Bizerte, na Tunísia, na terça-feira e chegou na manhã de quinta-feira à área onde relatou ter sido atacado. Os organizadores disseram que o navio foi atingido na sexta-feira, logo após a meia-noite.
Voluntários que viajaram até Malta deveriam embarcar no navio com destino a Gaza, segundo o grupo. Andreasson disse que a ativista climática Greta Thunberg deveria ter participado. A organização informou que Thunberg não embarcou e está segura.
Cerca de duas dezenas de voluntários, incluindo Thunberg, estavam indo em barcos menores até o Conscience para avaliar os danos após o ataque, disse Medea Benjamin, cofundadora do Codepink, um movimento popular pela paz e justiça social.
Benjamin disse que a tripulação do navio é formada por pessoas da Turquia e do Azerbaijão.
“Eles ainda querem seguir rumo a Gaza, mas não sei em que estado está o navio”, afirmou.
O ataque ocorreu no momento em que grupos de ajuda humanitária alertam que a resposta em Gaza está à beira do colapso.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou nesta sexta-feira que não terá acesso a alimentos, medicamentos e suprimentos vitais necessários para muitos de seus programas em Gaza, caso as entregas de ajuda não sejam retomadas imediatamente.
Entre os programas em risco estão as “cozinhas comunitárias”, que frequentemente oferecem aos residentes a única refeição diária que recebem, e que podem ser forçadas a encerrar suas atividades em poucas semanas, disse o comitê.
“A ajuda deve ser permitida em Gaza. Os reféns devem ser libertados. Os civis devem ser protegidos”, declarou. “Sem uma ação imediata, Gaza vai mergulhar ainda mais no caos que os esforços humanitários não conseguirão mitigar.”
g1 PB
Portal Santo André em Foco
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