Uma operação militar contra membros de um grupo separatista que sequestraram um trem com mais de 400 de passageiros no sudoeste do Paquistão chegou ao fim no início da tarde desta quarta-feira (12), no horário de Brasília —noite no horário local—, informou o Exército paquistanês.
Segundo um porta-voz do Exército, 33 separatistas e 22 reféns foram mortos. O Exército de Libertação do Baluchistão (ELB) assumiu a autoria do ataque.
O impasse entre os separatistas e as forças de segurança durou mais de 24 horas, porque o sequestro ocorreu em uma região remota do estado do Baluchistão, no sudoeste do país, e o grupo tinha homens-bomba entre os passageiros e ameaçou realizar execuções.
O grupo separatista fez mais de 400 reféns, dos quais 190 foram libertados na noite de terça-feira, no horário local, e o restante foi resgatado nesta quarta.
O grupo separatista publicou nesta quarta-feira um vídeo do momento do ataque ao trem. No vídeo, é possível ver uma explosão nos trilhos enquanto o trem passava por uma região descampada, e logo depois mostra reféns saindo da locomotiva sob escolta de membros armados do ELB.
Durante o impasse, as forças de segurança paquistanesas evitaram um confronto direto com os sequestradores por conta de preocupações com a segurança dos passageiros. Nesta quarta-feira, os separatistas ameaçaram executar cinco reféns por hora até que o governo cumprisse suas exigências.
Horas depois, o grupo afirmou que executou 50 reféns como consequência da "retaliação direta", porém o número não foi confirmado pelo Exército. Ainda não se sabe se as mortes de reféns anunciadas oficialmente ocorreram em execuções ou no momento do ataque ao trem.
Centenas de soldados e equipes em helicópteros foram mobilizados para resgatar os reféns na remota região montanhosa onde o trem foi parado. O maquinista e várias outras pessoas já haviam sido mortas no momento do ataque, disseram as autoridades a agências de notícias. Durante esta quarta-feira, um trem carregado com caixões partiu em direção ao local do sequestro.
Autoridades paquistanesas haviam dito no início da quarta-feira que pelo menos 30 militantes do grupo haviam sido mortos em confrontos com as forças do governo na terça-feira. Não se sabe se esse número está incluído no anunciado pelo Exército.
O ataque ocorreu perto de um túnel no distrito de Bolan, na província do Baluchistão. O trem viajava de Quetta para a cidade de Peshawar, no norte do país, quando foi atacado. Entre 70 e 80 militantes atuaram no sequestro, segundo uma fonte de segurança da agência de notícias Reuters.
Os militantes do grupo explodiram os trilhos e abriram fogo contra o trem, chamado Jafer Express, para forçar a locomotiva de nove vagões a parar. O maquinista ficou ferido, e os guardas a bordo foram atacados, mas não há detalhes sobre quantos eram ou o que aconteceu com eles. Segundo a Reuters, o maquinista e outras pessoas foram mortas no trem.
O grupo separatista havia exigido a libertação em até 48 horas de prisioneiros políticos Baloches, ativistas e pessoas desaparecidas que, segundo o grupo, foram sequestradas pelo Exército paquistanês. Se isso acontecesse, os militantes libertariam os passageiros, segundo o porta-voz do ELB, Jeeyand Baloch.
O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou o ataque. O ministro do Interior, Mohsin Naqvi, chamou os sequestradores de "inimigos" do Paquistão e o ataque de uma conspiração para desestabilizar o país. Um porta-voz do governo, Shahid Rind, descreveu o ataque como "um ato de terrorismo".
As autoridades informaram que há mulheres e crianças entre os resgatados. Agentes de segurança foram mortos em confrontos com os sequestradores, mas o número de mortes não foi revelado. Os passageiros resgatados estão sendo enviados para suas cidades de origem, enquanto os feridos recebem tratamento em hospitais no distrito de Mach. Outros foram levados para Quetta, a capital provincial, a cerca de 100 km de distância.
Esta foi a primeira vez que os separatistas do ELB sequestraram um trem, embora o grupo já tenha atacado ferrovias no passado. O grupo regularmente ataca forças de segurança paquistanesas e também já alvejou civis, incluindo cidadãos chineses que trabalham em projetos bilionários ligados ao Corredor Econômico China-Paquistão. Estima-se que o ELB tenha cerca de três mil combatentes.
O Paquistão abriga milhares de trabalhadores chineses como parte da Iniciativa do Cinturão e Rota da China, que financia grandes projetos de infraestrutura, incluindo portos e aeroportos no Baluchistão. A China condenou o ataque e a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou que Pequim "continuará a apoiar firmemente o Paquistão no avanço de seus esforços de combate ao terrorismo".
g1
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