O autor do atropelamento em Munique, que deixou dezenas de feridos, tem "tendências islamistas" e confessou a intenção de realizar o ataque, afirmou a polícia da Baviera nesta sexta-feira (14).
"Ele admitiu que dirigiu deliberadamente contra os participantes da manifestação. Sou muito cautelosa ao fazer julgamentos precipitados, mas com base em tudo o que sabemos até o momento, me arriscaria a falar em uma motivação islamista para o crime", afirmou a promotora alemã Gabriele Tilmann.
A polícia alemã afirmou ainda que o número de feridos no ataque subiu para 36 nesta sexta-feira. Dois deles estão em estado grave, uma criança e um adulto. Não há nenhum morto até o momento.
As autoridades não deram mais detalhes sobre as "tendências islamistas" identificadas no suspeito, um afegão de 24 anos solicitante de asilo com passagem pela polícia por crimes ligados a roubo e tráfico de drogas.
O suspeito foi preso pela polícia no local do crime, em uma região central de Berlim, logo após o atropelamento, na manhã de quinta-feira. (Leia mais sobre o caso abaixo)
Apesar das tendências reportadas, a polícia alemã disse não ter encontrado ligações do suspeito com grupos terroristas, como o Estado Islâmico. Tilmann acredita que o afegão teve motivações religiosas.
Quando foi abordado pela polícia, o suspeito gritou "Allahu Akbar", expressão religiosa que significa "Alá é o maior", e orou logo após sua prisão, segundo a promotora. Por essa razão, a Agência da Bávara para o Combate ao Extremismo e Terrorismo (ZET) assumiu a investigação do caso.
O atropelamento reascendeu o já inflamado discurso anti-imigração na Alemanha, mote da extrema direita do país chefiada pelo partido AfD. O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse ma quinta-feira que o afegão "tem que ser punido e deixar o país".
Ainda segundo Tilmann, a polícia encontrou uma conversa do suspeito com um parente na qual ele se despedia, e falou "talvez eu não esteja por aqui amanhã".
Atropelamento em Munique
O carro dirigido pelo suspeito avançou sobre uma multidão por volta das 10h30 no horário local (6h30 no horário de Brasília), a 500 metros da estação central de trem de Munique. O local também fica a cerca de 1,5 quilômetro do local que sediará a Conferência de Segurança de Munique, prevista para começar na sexta-feira (13) e que reunirá lideranças de países europeus e dos EUA.
O governador da Baviera, Markus Söder, indicou a possibilidade do atropelamento ter sido um ataque. "Provavelmente é um ataque, existem muitos indícios disso", afirmou.
"É simplesmente terrível quando você recebe a notícia de que alguém dirigiu um carro contra uma multidão de novo. É um tapa na cara. Algo tem que mudar na Alemanha", disse Söder.
Duas pessoas ficaram em estado grave e helicópteros de resgate foram empregados para socorrer as vítimas, que faziam manifestação ligada ao setor de transportes, segundo a polícia. O prefeito de Munique, Dieter Reiters, afirmou que há crianças entre os feridos.
Uma grande operação conjunta entre polícia, bombeiros e equipes de resgate foi mobilizada para responder ao incidente, e isolaram a área em volta. Ainda não se sabe se o atropelamento foi intencional ou acidental, segundo o jornal alemão "Bild". A polícia da cidade agora busca por informações que possam ajudar a apurar o ocorrido e pediu ajuda da população.
O atropelamento atingiu pessoas que participavam de uma manifestação ligada a uma greve organizada pelo sindicato Verdi, do setor de transportes. Cerca de 1.500 pessoas participavam do protesto, segundo a polícia. Após o atropelamento, havia pessoas "sentadas no chão, chorando e tremendo", segundo um repórter da emissora local "BR24".
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estarão na Conferência de Segurança. Vance chegou à cidade ainda na manhã desta quinta-feira.
O ataque também ocorre a dez dias das eleições parlamentares na Alemanha. O partido de extrema direita AfD, que prega discurso anti-imigração, deve ter seu resultado mais expressivo na história recente do país, segundo projeções.
Outras cidades alemãs também tiveram ataques terroristas no último ano. Em dezembro, um atropelamento em uma feira de Natal no sul da Alemanha deixou cinco mortos e dezenas de feridos. Em agosto, um ataque a facas no oeste do país deixou três feridos e oito feridos. O Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque.
g1
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