A crise polÃtica na Geórgia continua apesar da posse do novo presidente, o ex-jogador de futebol Mikhail Kavelachvili. Os opositores ao governo eram mais numerosos no domingo (29), em frente do Parlamento, animados pelo discurso de Salomé Zourabichvili, ex-presidente que deixou o cargo e tem visão pró-Europa. As manifestações vão continuar. Um grande comÃcio está previsto para terça-feira, véspera de Ano Novo. A ex-presidente estará lá, em seu novo papel de lÃder da oposição.
É nesse contexto tenso que o novo presidente assumiu oficialmente suas funções. Kavelachvili "mal se instalou" na cadeira presidencial e já assinou seus primeiros projetos de lei, todos de caráter repressivo.
Os poderes da polÃcia para realizar prisões foram ampliados, e as multas contra manifestantes foram aumentadas. Agora, a multa custará 2000 laris (cerca de R$ 4,5 mil) se a polÃcia prender alguém por usar um artefato de laser durante os protestos.
Além disso, há o risco de agressão fÃsica. Ontem, seis pessoas foram presas de forma violenta. No entanto, na avenida Roustaveli, essas ameaças não parecem frear a mobilização: "Eles querem nos assustar, é claro, mas isso não funciona. Não temos medo e vamos continuar porque sabemos que sempre haverá alguém para nos ajudar", disse uma manifestante.
A ex-presidente Salomé Zourabichvili planeja percorrer o paÃs para manter viva a força da contestação e, principalmente, usar sua rede de contatos no exterior. A ex-diplomata tenta convencer a União Europeia a aumentar a pressão sobre o novo governo para a realização de novas eleições.
Manifestantes prometem continuar mobilização
O partido Sonho Georgiano, pró-Rússia, agora controla todos os poderes. Os opositores pró-europeus se preparam para um movimento de longo prazo.
Em Tbilisi, o bar de um pequeno hotel serve de base de apoio para os manifestantes. Tamar Tchigadze está lá todas as noites, há 31 dias. E não é algo que vá mudar tão cedo: "Sabemos que essa luta não vai acabar, nem hoje, nem amanhã. Vai ser longa, estamos prontos para isso e não vamos desistir", afirmou.
Para essa terapeuta especializada em dependência, a contestação é mais uma maratona do que um sprint. "Há alguns dias, ouvia-se que havia menos gente, mas de repente, 300 mil pessoas apareceram. Isso significa que, quando for necessário, 300 mil ou mais pessoas se mobilizarão na avenida Roustaveli."
Mas até agora, a mobilização não foi suficiente para fazer o governo ceder. Tamar Tchigadze se mantém otimista. "O que mudou é que muitos georgianos que não entendiam o que estava acontecendo, viram a realidade. A Europa também ouviu nossa voz."
Tamar garante que vai estar ao lado de Salomé Zourabichvili, que ao deixar o palácio presidencial pediu a seus apoiadores que passassem a véspera do Ano Novo com ela em frente ao parlamento georgiano.
g1 PB
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