Dezembro 19, 2024

François Bayrou, de centro, é nomeado novo primeiro-ministro da França por Macron

O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou nesta sexta-feira (13) François Bayrou, de centro, como o novo primeiro-ministro da França, segundo seu gabinete em um comunicado.

Bayrou substitui Michel Barnier, que estava no poder havia apenas três meses mas renunciou na semana passada depois que deputados da extrema direita e da esquerda se uniram para aprovar uma moção de censura contra ele.

Na França, presidente e primeiro-ministro governam em conjunto e são eleitos em pleitos separados — o presidente se elege por votação direta, enquanto o premiê é indicado pelo partido que vence as eleições parlamentares. O presidente, no entanto, tem a prerrogativa de apontar um premiê alheio ao nome indicado pelo Parlamento.

Macron já havia optado por indicar Barnier, também centrista, em setembro, ignorando o resultado das eleições parlamentares de junho, que havia dado vitória, embora sem maioria, à aliança da esquerda.

Bayrou, o novo nome anunciado nesta sexta por Macron, é um político veterano da ala centrista francesa — e, portanto, aliado de Macron, também de centro. Atualmente, é prefeito da cidade de Pau, nos Pirineus, sudoeste da França. Tem 73 anos, a mesma idade de Barnier, e os dois se tornam, assim, os premiês mais velhos da história moderna do país.

Eles sucedem, além disso, Gabriel Attal, que foi o primeiro-ministro mais novo da história da França.

Assim que assumir de fato o governo, a prioridade de Bayrou será conseguir passar no Parlamento uma lei especial para aprovar o Orçamento de 2024, em meio a uma árdua batalha que os deputados já travam sobre a mesma matéria de 2025 .

Foi justamente a resistência parlamentar ao projeto de Orçamento que levou à queda do governo do ex-primeiro-ministro Michel Barnier (leia mais abaixo).

Nesta sexta, após o anúncio, a esquerda já se disse contrária à nomeação — por ter vencido as eleições, o grupo quer um nome esquerdista, o que Macron nega — e afirmou que vai barrar o governo de Bayrou no Parlamento.

Já o líder da extrema direita, Jordan Bardella, afirmou que fará as mesmas restrições que fez com o governo de Barnier — seu partido também bloqueou a proposta de Orçamento de Barnier e se uniu à esquerda para votar a moção de censura contra ele.

Espera-se que o novo primeiro-ministro também apresente sua lista de ministros nos próximos dias. Mas sua proximidade com Macron, que atualmente enfrenta uma forte crise de impopularidade, poderá dificultar o novo governo.

Crise política na França
Em uma união inédita entre a esquerda e a extrema direita, os deputados da França derrubaram na semana passada o primeiro-ministro do país, Michel Barnier, que teve o governo mais curto da história recente da França.

Por maioria e como esperado, os deputados aprovaram uma moção de censura contra Barnier — mecanismo parlamentar através do qual legisladores podem retirar um chefe de governo do poder caso não estejam satisfeitos com sua gestão.

A insatisfação com a indicação de Macron de um nome que nem sequer participou das eleições foi crescendo entre os deputados ao longo e culminou na rejeição, esta semana, da proposta de Orçamento apresentada por Barnier.

Também contou para a crise um momento tenso na economia da França — a segunda maior da União Europeia. O prêmio de risco da dívida francesa está quase igual ao da Grécia, um dos piores do continente.

Além disso, a instabilidade na França e a crise de governo na Alemanha, que precisou antecipar as eleições legislativas para 23 de fevereiro, podem afetar a União Europeia a poucas semanas do retorno de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos.

Em maio, o presidente Emmanuel Macron surpreendeu o país e também antecipou as legislações, que estavam previstas para 2027, após a vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu na França.

A antecipação do pleito foi uma jogada política de Macron diante do resultado ruim de seu partido e do avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu — o Legislativo de todos os países da União Europeia, com sede em Bruxelas.

As pesquisas de opinião apontavam o Reunião Nacional, sigla de extrema direita de Marine Le Pen, como favorito. Mas a esquerda, que se uniu em um bloco amplo, surpreendeu e terminou em primeiro na votação. Mesmo assim, o bloco não conseguiu formar maioria. Tentou aliança com a centro-direita, de Macron, que rejeitou o nome proposto pela esquerda para governar e desfez a parceria.

Governo mais curto da 5ª República
A aprovação da moção de censura tornou o governo de Barnier o mais curto da Quinta República francesa, que começou em 1958.

Esta foi também a primeira vez em mais de 60 anos que o Legislativo francês derrubou um chefe de governo por meio de uma moção de censura. A última vez em que isso aconteceu foi em 1962 com a administração de Georges Pompidou e quando Charles de Gaulle era presidente.

Embora o presidente de centro-direita já tivesse perdido a maioria absoluta após sua reeleição em 2022, as novas eleições resultaram em uma Assembleia sem maioria clara e dividida em três blocos irreconciliáveis: esquerda, centro-direita e extrema direita.

A Nova Frente Popular (NFP) — coalizão de socialistas, comunistas, ambientalistas e integrantes da esquerda radical — venceu as eleições, mas, quase dois meses depois, Macron nomeou Barnier, ex-negociador europeu para o Brexit, como primeiro-ministro, em nome da "estabilidade".

Barnier só conseguiu o apoio da aliança de centro-direita de Macron e de seu próprio partido conservador, Os Republicanos (LR), o que significa que a sobrevivência de seu governo dependia da líder de extrema direita Marine Le Pen, que finalmente decidiu pela queda.

Orçamento
A rejeição da proposta de Orçamento foi o principal fator que impulsionou a votação da moção de censura.

Com um orçamento baseado na redução do gasto público e no aumento temporário dos impostos para grandes empresas, o governo pretendia reduzir o déficit público (projetado para 6,1% do PIB em 2024) e a dívida pública (112% do PIB no final de junho).

"Ao incluir seu orçamento na desastrosa continuidade de Emmanuel Macron, o primeiro-ministro só poderia fracassar", escreveu a líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) na rede social X.

Em uma entrevista aos canais TF1 e France 2, Barnier se defendeu e afirmou que mudanças foram feitas no plano inicial, depois que o governo "ouviu todos". Ele acusou Le Pen de entrar em "uma espécie de disputa", com reivindicações sem fim.

Além do orçamento, os partidos jogam suas cartas para 2027, quando os franceses terão de votar para escolher o sucessor de Macron, que chegou ao poder em 2017 e não pode ser reeleito após completar seu segundo mandato.

Agência Brasil
Portal Santo André em Foco

Rate this item
(0 votes)

Leave a comment

Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.

© 2019 Portal Santo André em Foco - Todos os Direitos Reservados.

Please publish modules in offcanvas position.