Novembro 22, 2024

Macron anuncia pacote de ajuda de R$ 600 milhões para o Líbano

A França anunciou nesta quinta-feira (24) um pacote de 100 milhões de euros (cerca de R$ 614 milhões) de ajuda para o Líbano, onde Israel trava desde setembro uma guerra contra o Hezbollah, grupo extremista baseado em território libanês.

Durante o anúncio, o presidente Emmanuel Macron disse que a verba será destinada a regiões que acolheram pessoas deslocadas por conta da guerra — segundo a ONU, o conflito fez com que cerca de um milhão de moradores do Líbano tivessem de deixar suas casas, a maioria no sul do país. Outras 2.500 pessoas já morreram por conta dos bombardeios.

Com a ajuda, a França se uniu a uma série de países europeus, como Itália e Alemanha, que vêm repassando verbas ao Líbano em apoio ao país na guerra. Já os Estados Unidos, aliados da Europa, têm aumentando as ajudas a Israel.

A guerra também aprofundou a crise econômica do Líbano, que já era uma das mais severas do mundo antes do início do conflito, segundo o Banco Mundial.

A Itália anunciou nesta semana uma nova ajuda de 10 milhões de euros (R$ 61,4 milhões) ao governo libanês, e a Alemanha, na quarta-feira, comprometeu-se a fornecer mais 60 milhões de euros (R$ 368,4 milhões) para o povo libanês.

Mas a França tem buscado liderar o movimento de apoio da Europa ao Líbano, que é ex-colônia de Paris.

“No curto prazo, é necessária uma ajuda massiva para a população libanesa, tanto para os centenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra quanto para as comunidades que as acolhem”, disse Macron.

O presidente francês também criticou Israel por continuar suas operações militares no Líbano, "no sul, em Beirute e em outros lugares, e pelo aumento contínuo do número de vítimas civis", e reiterou seu apelo por um cessar-fogo.

A França também busca ajudar a restaurar a soberania do Líbano — o país, onde o Hezbollah efetivamente opera como um estado dentro do estado, está sem presidente há dois anos por conta de falta de acordo entre os partidos políticos.

A Organização Internacional para as Migrações disse que cerca de 800.000 pessoas estão deslocadas, muitas em abrigos superlotados, enquanto outras 200.000 fugiram pela fronteira com a Síria.

O governo libanês, com poucos recursos, está mal preparado para lidar com a crise. Vários hospitais foram evacuados devido a ataques aéreos nas proximidades e ao temor de que possam ser alvos.

Nas últimas semanas, Macron tem endurecido sua posição contra Israel e insistido por um cessar-fogo tanto no Líbano quanto em Gaza, condenando o "custo humano insuportável". Ele reiterou o apelo na segunda-feira (21) durante uma conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, segundo seu Habinete.

Houve tensões recentes entre os líderes francês e israelense, especialmente depois que Macron pediu a suspensão das exportações de armas da Europa destinadas ao uso em Gaza. O presidente francês também condenou fortemente o que chamou de ataque “deliberado” de Israel a soldados de paz da ONU no sul do Líbano, algo que Israel negou.

Nesta quinta, ministros e autoridades de mais de 70 países e organizações internacionais, incluindo a União Europeia e parceiros regionais, participam de uma conferência em Paris sobre o Líbano. O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, que se encontrou com Macron na quarta-feira, também foi ao encontro.

Os franceses "estão tentando garantir que os doadores internacionais ouçam diretamente os atores no terreno no Líbano, que podem descrever melhor as necessidades mais imediatas causadas pela agressão israelense, que deslocou à força 20% da população libanesa ao longo de duas semanas", disse ela.

A França também pretende coordenar o apoio internacional para fortalecer as Forças Armadas do Líbano, de modo que possam “se posicionar de maneira mais ampla e eficiente” no sul do país, como parte de um possível acordo para encerrar a guerra. Tal acordo poderia ver o Hezbollah retirar suas forças da fronteira.

O apoio internacional pode incluir equipamentos, treinamento e ajuda financeira para contratar soldados e garantir as necessidades diárias do exército, segundo o gabinete de Macron.

O exército libanês foi duramente atingido por cinco anos de crise econômica e possui um arsenal envelhecido e sem defesas aéreas, o que o deixa sem condições de se defender contra incursões israelenses ou enfrentar o Hezbollah.

As forças libaneses têm cerca de 80.000 soldados, cerca de 5.000 deles posicionados no sul. O Hezbollah conta com mais de 100.000 combatentes, mas o arsenal do grupo militante — construído com apoio do Irã — é mais avançado.

Os participantes da conferência também discutirão como apoiar a missão de paz da ONU, a UNIFIL, que conta com 10.500 soldados. Nações europeias, incluindo França, Itália e Espanha, fornecem um terço de suas tropas.

A Itália, que tem mais de 1.000 soldados na UNIFIL, está pressionando para que a força de paz seja fortalecida, para “enfrentar a nova situação” no terreno, disse um diplomata italiano, falando anonimamente para discutir as negociações em andamento.

“O que sabemos é que, sem um exército libanês fortalecido e uma UNIFIL robusta, não pode haver paz e estabilidade sustentáveis na fronteira entre Líbano e Israel”, disse Montaz. “Como tal, os esforços franceses são importantes e cruciais para o caminho a seguir.”

Associated Press
Portal Santo André em Foco

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