Ao mesmo tempo em trocaram neste domingo (25) os ataques mais pesados desde o início da guerra em Gaza, em outubro, Israel e Hezbollah calibraram reações comedidas em suas ofensivas, demonstrando que evitam alastrar o conflito para uma guerra. Num ataque preventivo, cem caças israelenses atingiram 40 alvos de infraestrutura da milícia xiita no Líbano. Patrocinado pelo Irã, o Hezbollah disparou 320 foguetes contra alvos militares israelenses, causando danos pouco significativos.
A retórica hostil, contudo, prevaleceu entre as lideranças dos campos inimigos. "Isso não é o fim da história", alertou o premiê Benjamin Netanyahu. "Se os resultados não forem considerados suficientes, responderemos em outra ocasião", assegurou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ao classificar o ataque de domingo como a primeira grande operação conduzida após o assassinato de um de seus comandantes em Beirute.
Apesar da tensão e das perspectivas de novos ataques na fronteira, como vem acontecendo há dez meses, os dois lados não mostram interesse em entrar em guerra. Israel está mobilizado em várias frentes: eliminar o Hamas em Gaza, controlar os confrontos violentos promovidos por colonos linha-dura na Cisjordânia e coibir o Hezbollah, que forçou o deslocamento de 80 mil israelenses residentes no Norte do país. Com ataques diários à região, esta população não tem perspectiva de retornar às suas casas.
O governo Netanyahu está sob pressão interna e externa para um cessar-fogo em Gaza e para a libertação dos 110 reféns mantidos no território palestino desde o massacre de 1.200 pessoas pelo Hamas. Mas prefere manter as negociações com o grupo palestino em banho-maria.
Vale lembrar que um confronto com o Hezbollah se antevê mais arriscado para Israel do que o de Gaza. A milícia xiita é mais poderosa do que o Hamas e opera independentemente do Estado libanês. Seus combatentes são bem treinados, e estima-se que o grupo tenha 150 mil foguetes com poder para atingir cidades israelenses como Haifa.
Como observou o jornalista Amos Harel, analista militar do jornal "Haaretz", a verdadeira opção de Hezbollah e Irã parecem ter sido expostas. "Quando eles têm a possibilidade de embarcar numa guerra total com Israel, o que os também exporia a um crescente atrito militar com os EUA, preferem dar um passo para trás."
Foi assim em abril passado, quando o Irã lançou mais de 350 drones e mísseis contra o território israelense, a grande maioria interceptados com a ajuda dos EUA. A ofensiva foi limitada, em resposta a um suposto ataque israelense ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, com a morte de sete funcionários, entre eles um comandante de alto escalão da Guarda Revolucionária do Irã.
Nas últimas semanas, era esperada uma retaliação do Irã e de seu parceiro Hezbollah aos assassinatos do número dois da milícia xiita, Fuad Shukr, em Beirute, e do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã. Ambos foram supostamente atribuídos a Israel.
A troca de ataques deste domingo cancelou voos e suspendeu por duas horas as operações no aeroporto de Tel Aviv. Mas, logo depois, a rotina voltou ao novo normal dos últimos dez meses nas principais cidades. Os recados foram enviados aos dois lados da fronteira, dentro da linha tênue que mantém as hostilidades em andamento.
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