Outubro 06, 2024

Em meio a furacão político, Biden recebe líderes da Otan para cúpula de 75 anos da aliança

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentará mudar o foco das pressões por sua desistência da candidatura à reeleição para receber chefes de Estado e governo dos 32 países que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Os membros da Otan se reunirão nesta terça em Washington D.C. para celebrar os 75 anos da aliança militar ocidental e debater seus atuais desafios.

A cúpula ocorre também um dia após o ataque russo a um hospital infantil em Kiev, na Ucrânia, que deixou 38 mortos. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participará da cúpula, também em meio a conversas para que seu país integre a Otan.

O novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, também estará no cúpula, onde fará sua estreia como premiê britânico em encontros internacionais e se reunirá bilateralmente com Biden após uma vitória arrasadora nas urnas na semana passada.

As pautas do evento que terá três dias de duração incluem a busca por tranquilizar a Ucrânia quanto à durabilidade do apoio da aliança na defesa frente à invasão russa.

Além disso, de acordo com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, há também a intenção de construir uma ponte para a inclusão da Ucrânia como membro da Otan.

Agenda
Na noite desta terça (9), Joe Biden e a primeira-dama Jill Biden abrirão a cerimônia de aniversário do Tratado, com um evento que acontece no auditório Andrew W. Mellon, onde o documento que criou a Otan foi assinado em 4 de abril de 1949.

Na tarde de quarta-feira (10), Biden deve falar publicamente aos líderes da Otan, e logo em seguida haverá um jantar que, entre outros propósitos, inclui dar as boas-vindas à Suécia, que ingressou no grupo este ano.

Na quinta-feira (11), acontecem as reuniões de trabalho do grupo, que incluem também encontros com os parceiros da Otan no Indo-Pacífico - Austrália, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia - com o objetivo de alinhavar futuras colaborações.

Está prevista também uma declaração da aliança condenando o apoio da China à base industrial de defesa da Rússia, já que, segundo o governo norte-americano, a maioria dos semicondutores e da nitrocelulose usados em propulsores de mísseis russos provêm da China.

Para além das decisões sobre o conflito na Ucrânia, a expectativa do dia está posta no discurso com que Biden deve encerrar o evento. Todos os olhos estarão nas falas do presidente norte-americano após a performance ruim durante o debate eleitoral que deu margem a uma série de pedidos para que ele desista da candidatura.

Na segunda-feira (8), um artigo publicado no jornal "The New York Times" listou oito visitas de especialistas em parkinson à Casa Branca em oito meses.

Desafio a Biden em meio a crise em sua campanha
Biden terá uma dura missão esta semana, já que, além de mostrar seu poder de liderança junto aos líderes da Otan, ele precisa também recuperar a confiança de seus companheiros de partido em meio a crise gerada em sua campanha de reeleição após o debate.

Enquanto seu adversário, Donald Trump, tem colocado em dúvida o papel que os Estados Unidos devem ocupar junto à organização, Biden busca convencer seus companheiros do grupo de que ele é capaz de vencer as eleições de novembro e assim garantir a continuidade das políticas de defesa acordadas até aqui.

Alguns líderes europeu expressaram recentemente preocupação com a postura de Trump em relação à aliança e, de acordo com o presidente, pediram a Biden claramente que não deixe o republicano voltar à Casa Branca.

"A gravidade deste momento é maior do que o esperado", avaliou a pesquisadora do Centro Europeu do Atlantic Council, Rachel Rizzo, em entrevista ao USA Today.

“Há uma pressão extra para que ele cumpra a agenda deste encontro de uma forma que tranquilize os aliados e também o povo americano. Que certifique que ele está apto e pronto para fazer este trabalho, não apenas até o final de sua presidência, mas potencialmente por mais quatro anos", concluiu.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, garantiu aos jornalistas presentes na coletiva de apresentação do encontro que eles "estão prestes a presenciar o presidente atuando como um líder". E lembrou ainda que "os líderes estrangeiros viram o presidente de perto e pessoalmente nos últimos três anos e sabem com quem estão lidando e quão eficaz ele tem sido".

As chances de que Biden cometa gafes durante o evento, porém, são menores que em outras ocasiões, já que as reuniões se darão a portas fechadas. As declarações à imprensa também apresentam menos risco, uma vez que provavelmente seguirão um roteiro escrito previamente o qual o presidente poderia acessar com o uso de um teleprompter, como tem feito em suas aparições públicas após o debate.

O que é a Otan?
A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi fundada em 1949 por 12 nações com o objetivo de combater a ameaça à segurança europeia representada pela União Soviética durante a Guerra Fria.

Lidar com Moscou, portanto, faz parte do DNA da organização.

De um modo geral, Washington é quem dita a agenda, já que os Estados Unidos são o membro mais poderoso, que gasta mais em defesa do que qualquer outro aliado.

RFI
Portal Santo André em Foco

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