Pressionado a abandonar a candidatura à reeleição nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden reconheceu o mau desempenho no debate contra Donald Trump em 27 de junho.
"Eu tive uma noite ruim (...) Estraguei tudo, cometi um erro", disse Biden, em entrevista divulgada nesta quinta (4) pela rádio Civic Media, de Wisconsin, e gravada na quarta (3).
Em encontro com governadores democratas na quarta (3), Biden disse que precisa dormir mais e trabalhar menos, o que inclui encerrar compromissos às 20h, de acordo com o jornal "The New York Times".
As eleições acontecem em 5 de novembro. Seguidos questionamentos na imprensa e até mesmo entre aliados têm colocado em xeque a capacidade física de Biden, do Partido Democrata, de assumir um novo mandato de presidente dos EUA. Ele tem 81 anos e, se reeleito, deixaria o cargo com 86 anos.
Donald Trump, do Partido Republicano, tem 78 anos.
"Aprendi com o meu pai que quando você é derrubado, você se levanta (...) e vamos fazer isso: vamos ganhar essa eleição. Vamos vencer Donald Trump, assim como fizemos em 2020", afirmou o presidente.
A convenção dos democratas, que vai confirmar Biden como candidato à reeleição, será entre 19 de agosto e 22 de agosto —daqui a menos de dois meses.
Com voz rouca —atribuída a um resfriado—, pouco entusiasmo e hesitante, Biden perdeu o debate da semana passada para Trump, apontaram quase todos os analistas políticos e integrantes do próprio Partido Democrata.
Trump despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden, que se confundiu algumas vezes e se mostrou pouco reativo na maioria delas. O criticado desempenho fez crescer uma questão de se é possível substituí-lo como candidato do Partido Democrata à presidência.
Capa da 'The Economist'
Nesta quinta, a revista britânica "The Economist" pediu em editorial e em sua capa que Biden retire sua candidatura às eleições.
A capa da edição da revista publicada nesta quinta estampa a foto de um andador com o selo da presidência dos EUA e diz: "sem condição de comandar um país".
Na semana passada, a revista e de uma série de outras publicações dos Estados Unidos, como os jornais "The New York Times" e "The Wall Street Journal", pediram em editorial que Biden desistisse de concorrer, após seu desempenho ruim no debate eleitoral contra o candidato republicano, o ex-presidente dos EUA Donald Trump.
No novo editorial, desta quinta, a "The Economist" alegou que a resposta de Biden e de sua campanha ao debate e aos apelos para que ele fosse substituído por outro candidato democrata foi ainda pior que o enfrentamento contra Trump.
"O debate presidencial foi terrível para Joe Biden, mas o encobrimento foi pior. A desonestidade da sua campanha provoca desprezo. Ele deve retirar a candidatura", escreveu a publicação. "Joe Biden merece ser lembrado por suas conquistas e sua decência, não por seu declínio.
A revista acha que a campanha de Biden "encobriu" as falhas de memória e falta de capacidade do presidente para governar por mais quatro anos. "Foi uma agonia ver um idoso confuso lutando para lembrar palavras e fatos", diz a publicação.
Candidatura mantida
Na quarta-feira (3), respondendo às pressões, o presidente dos EUA voltou a dizer que não desistirá da corrida à Casa Branca.
"Eu estou concorrendo. Eu sou o líder do Partido Democrata. Ninguém vai me forçar a sair”, disse Biden, de acordo com um assessor seu.
A Casa Branca também afirmou que o presidente "não está pensando em desistir". Questionada em uma entrevista à imprensa na Casa Branca sobre se o presidente estava considerando a possibilidade de abandonar a corrida eleitoral, a porta-voz do governo Biden, Karine Jean-Pierre, respondeu: "Absolutamente, não!".
Também na terça, uma reportagem do jornal norte-americano "The New York Times" afirmou que Biden disse a aliados políticos que tem dúvidas sobre se deve continuar a disputar a reeleição. Jean-Pierre negou a informação.
Segundo fontes próximas a Biden ouvidas pelo jornal, o presidente tem dúvidas sobre se poderá se reerguer após o desempenho ruim no debate da semana passada. Biden disse que quase adormeceu durante o enfrentamento. (Leia mais abaixo)
Foi a primeira vez que fontes próximas ao candidato democrata revelaram dúvidas por parte de Joe Biden sobre seguir ou não com sua candidatura.
Na reportagem desta terça, a "The Economist" pede também que outros deputados democratas defendam abertamente a retirada da candidatura de Biden.
Pelas normas do Partido Democrata, o próprio candidato deve retirar sua candidatura. É possível que o partido a retire, mas isso implicaria em uma reunião extraordinária para, primeiro, mudar as regras internas, o que membros do partido veem inviável por conta da proximidade da data das eleições.
'Jet lag'
Biden atribuiu ao jet lag -- como é chamado o distúrbio que costuma acometer quem faz viagens longas com diferenças de fuso horário -- o mau desempenho no debate.
Dias antes do enfrentar Trump diante das câmaras, o presidente havia feito duas viagens internacionais, para a França e para a Itália.
Em um evento de campanha no estado da Virgínia, ele disse que ignorou apelos de sua equipe para que evitasse viagens e, como consequência, "quase adormeceu no palco" do debate.
"Decidi viajar pelo mundo algumas vezes, passando por cerca de cem fusos horários antes do debate", disse o presidente dos EUA. “Não dei ouvidos à minha equipe e voltei e quase adormeci no palco. Isso não é desculpa, mas é uma explicação".
g1
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