Novembro 23, 2024

Trump reforça a intenção de desestabilizar a ajuda financeira de Biden à Ucrânia

O ex-presidente Donald Trump não esconde que, se for eleito em novembro, tornará ainda mais difícil a vida do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Enquanto a vice-presidente Kamala Harris anunciava sábado um pacote de ajuda de US$ 1,5 bilhão a Kiev (cerca de R$ 8.1 bilhões), durante a conferência de paz na Suíça, o candidato republicano desdenhava o apoio incondicional dos EUA ao país e chamava Zelensky de “o maior vendedor de todos os tempos”, num comício em Detroit.

“Há quatro dias, ele saiu com US$ 60 bilhões. Chega em casa e anuncia que precisa de mais US$ 60 bilhões. Isso nunca acaba. Terei isso resolvido antes de tomar a Casa Branca como presidente eleito”, prometeu a seus seguidores, oferecendo informações erradas e imprecisas sobre o projeto de lei de ajuda externa assinado em abril passado pelo presidente Joe Biden.

O ex-presidente reafirmou que suspenderia a assistência de defesa à Ucrânia se saísse vencedor na disputa de novembro e ponderou que a Rússia não teria invadido o país há mais de dois anos se ele tivesse conquistado a Casa Branca, no lugar de Biden.

A perspectiva de mudança da corrente política nos EUA, acrescida dos ganhos da extrema direita no Parlamento Europeu, gera incertezas para Zelensky. A conferência de paz realizada na Suíça terminou sem consenso. Países do Sul Global, entre os quais Brasil, Índia, África do Sul e Arábia Saudita, não assinaram o documento final, apoiando a integridade territorial da Ucrânia.

Nesse contexto, as declarações de Trump e seu apoio ao russo Vladimir Putin reforçam o tom desestabilizador do candidato republicano no que se refere à segurança do país.

“É um momento realmente extraordinário. Temos um ex-presidente fora do poder ditando a política externa americana em nome de um ditador estrangeiro ou tendo em mente os interesses de um ditador estrangeiro”, observa a jornalista Anne Applebaum, colunista da revista “The Atlantic”.

Na semana passada, reunidos em Puglia, na Itália, Biden e seus colegas do G7 acertaram um empréstimo de US$ 50 bilhões (R$ 270 bilhões) à Ucrânia a partir dos juros gerados por ativos russos congelados pelo Ocidente. Havia naquela reunião de cúpula um clima de urgência para agilizar um acordo que assegurasse a ajuda à Ucrânia, independentemente de quem ganhe as eleições nos EUA.

Em visita ao Capitólio, Trump, por sua vez, pressionava os republicanos, reafirmando que não gostaria de ver a aprovação de novos pacotes destinados à Ucrânia. O ex-presidente é igualmente cético em relação ao papel da Otan e frequentemente desafia os aliados europeus a aumentarem suas contribuições para a aliança atlântica.

Em fevereiro passado, Trump declarou, num comício na Carolina do Sul que encorajaria a Rússia a “a fazer o que quiser” aos aliados da Otan que não pagam a sua parte na aliança militar ocidental. Essas ameaças reforçam a ansiedade tanto em Zelensky quanto em seus parceiros europeus de que, num eventual segundo mandato do republicano, todos têm motivos de sobra para verem seus maiores temores concretizados.

g1
Portal Santo André em Foco

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