Novembro 24, 2024

Vitória 'de lavada' na Superterça prova que Trump tem as rédeas do Partido Republicano

Mais do que consolidar o caminho de Donald Trump, pela terceira vez consecutiva, como o candidato republicano que disputará a Casa Branca com o presidente Joe Biden, a Superterça republicana deu a certeza de que o ex-presidente conseguiu moldar o seu partido à sua imagem. Com o triunfo em 14 dos 15 estados, ele conquistou pelo menos 910 delegados e está perto de alcançar, ainda em março, o número mágico de 1.215 que o tornará oficialmente candidato republicano.

A mensagem essencial desta Superterça é a de que Trump controla o Partido Republicano e não apenas a sua base de partidários. Pode-se dizer que a legenda aderiu à ala MAGA (a sigla em inglês do movimento “Torne a América Grande Novamente”), populista, mais à extrema direita e leal ao ex-presidente.

O voto anti-Trump, representado por Nikki Haley, que soma 89 delegados, ainda resiste, mas hoje é descrito como uma facção. Em seu discurso, antes que a apuração da Superterça mais morna da História terminasse, ex-presidente focou em atacar Biden e sequer citou sua ex-embaixadora na ONU.

Trump demonstrou, inclusive, desinteresse em atrair esta parcela de descontentes, formada essencialmente por eleitores da ala moderada do partido, de formação universitária, que praticamente foi engolida pelos republicanos da ala MAGA.

Como explicou a jornalista Heather Digby Parton, colunista do site de notícias Salon, o ex-presidente despreza o eleitor que diz que jamais votaria nele. "Ele deixou isso claro quando afirmou que o MAGA agora representa 96% do partido, que está se livrando dos 'Romneys'", numa alusão ao senador Mitt Romney, um de seus críticos.

O ex-presidente está mais forte do que em 2016, embora enfrente quatro processos, que somam 91 acusações criminais. A retórica periculosa, baseada em ódio, preconceito e mentiras, funciona como um ímã e atrai mais e mais seguidores.

Trump conseguiu derrubar, um a um, os republicanos resistentes. Impôs sua agenda ao partido. Afastou críticos e rivais, como a deputada Liz Cheney e o governador Ron DeSantis. Endossou rapidamente o presidente da Câmara, Mike Johnson, após uma tumultuada eleição. O Comitê Nacional Republicano agora é controlado por ele e tem entre seus integrantes a nora Lara Trump e o seu coordenador de campanha, Chris LaCivita.

O último bastião da resistência, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, revelou semana passada que não concorrerá ao cargo. Seu sucessor, com certeza, só emplacará com o aval de Trump.

Dentro do partido não se questiona se o ex-presidente repete as mentiras sobre fraudes nas eleições de 2020, se promete realizar a maior operação de deportação da História dos EUA, se elogia Putin, se ameaça os aliados da Otan, ou se refere-se aos imigrantes como vermes, usando os mesmos termos de Hitler.

A desculpa entre seus partidários é que Trump está sendo Trump. Não é mais preciso adequá-lo ao partido; o partido se adequou a ele. Os republicanos finalmente se renderam ao trumpismo.

g1
Portal Santo André em Foco

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