Novembro 24, 2024

Agências funerárias da Rússia não aceitam transportar corpo de Navalny, diz porta-voz; funeral será na sexta

Agências funerárias da Rússia estão se recusando a fornecer um carro funerário para transportar o corpo do opositor russo Alexei Navalny, morto há duas semanas em uma prisão do país, segundo afirmou nesta quinta-feira (29) sua porta-voz, Kira Yarmysh.

O funeral de Navalny está marcado para acontecer na sexta-feira (1º).

Em comunicado, a porta-voz afirmou ainda que agentes funerários relataram ter recebido ligações anônimas com ameaças caso aceitem o serviço para transportar o corpo de Navalny.

"No início não pudemos alugar uma sala funerária para nos despedirmos de Alexei. Agora, os agentes rituais nos dizem que nem um único carro funerário concorda em levar o corpo para lá. Desconhecidos ligam para todas as equipes e ameaçam não levar o corpo de Alexei para lugar nenhum", disse Yarmysh.

Morte de Navalny
Principal opositor de Vladimir Putin em toda a sua gestão à frente da Rússia, Navalny morreu durante uma caminhada no complexo penitenciário de Yamalo-Nenets, na região ártica da Rússia, onde ele cumpria pena.

O Serviço Penitenciário Federal russo disse em comunicado que Navalny perdeu a consciência e passou mal. Segundo a agência russa Tass, o hospital que o atendeu tentou reanimá-lo por 30 minutos, sem sucesso.

Os Estados Unidos e a União Europeia culparam o governo Putin pela morte. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou estar "profundamente entristecido e perturbado" pela morte e exigiu que a Rússia esclareça as circunstâncias do ocorrido.

Navalny, de 47 anos, era um ex-advogado que ficou conhecido ao fazer acusações de corrupção ao governo do presidente Vladimir Putin . Ele se apresentava como um político liberal e principal adversário do atual presidente.

Em 2010, liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país. Navalny ficou conhecido nas redes sociais ao falar de Putin com deboche e ironia.

Seis anos depois, chegou a anunciar sua candidatura presidencial. Porém, a Comissão Eleitoral Central da Rússia informou que ele não poderia concorrer devido a uma condenação na Justiça. À época, Navalny era alvo de vários inquéritos.

Ele foi condenado na Rússia por dois crimes. No primeiro, por peculato em uma madeireira estatal —o o Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou, em 2016, que o processo foi conduzido de forma arbitrária.

No segundo caso, ele e seu irmão Oleg foram acusados de fraudar a subsidiária russa da empresa francesa de cosméticos Yves Roche em 26 milhões de rublos (cerca de RS$ 1,46 milhão).

Em 2018, após a proibição da candidatura de Navalny, milhares de pessoas protestaram em toda a Rússia contra a eleição na qual o atual presidente, Vladimir Putin, foi eleito pela quarta vez. A manifestação, chamada de "greve de eleitores", foi convocada por Navalny.

g1
Portal Santo André em Foco

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