Depois de ataques mútuos, o Irã e o Paquistão iniciaram nesta sexta-feira (19) conversas diplomáticas para tentar minimizar a crise que gerou o temor da eclosão de um conflito descontrolado no Oriente Médio.
Na quarta-feira (17), o governo paquistanês disse ter sido bombardeado pelo Irã em seu território. No dia seguinte, o Paquistão revidou e lançou mísseis na quinta-feira (18) contra solo iraniano.
O Ministério de Relações Exteriores do Paquistão disse que o ministro da pasta conversou nesta manhã por telefone com o chanceler do Irã sobre a necessidade de que a crise entre os dois países não escale.
Segundo a pasta, Islamabad pediu cooperação na caça a grupos terroristas - que ambos os governos alegaram alvejar nos ataques.
Ataques mútuos
Na terça-feira (16), o Irã atacou uma base de um grupo rebelde no Paquistão. O governo paquistanês afirmou que os iranianos invadiram o espaço aéreo do país e que duas pessoas morreram no ataque.
Na ocasião, Islamabad disse também que o incidente poderia ter "sérias consequências" e que era "complementarmente inaceitável". Além do Paquistão, o Irã também atacou a Síria e o Iraque nesta semana, alimentando ainda mais a onda de conflitos que o Oriente Médio vive.
Como resposta, Paquistão bombardeou o Irã em uma região de fronteira, alvejando também grupos rebeldes separatistas.
Nove pessoas morreram, entre elas quatro crianças e três mulheres, segundo Teerã. O governo paquistanês afirmou ter alvejado um grupo rebelde separatista que atua no Irã, mas o Irã afirmou que o ataque atingiu civis de um vilarejo.
Segundo o governo iraniano, o vilarejo atingido fica na província de Sistão-Baluchistão, no sudeste do país e na fronteira com o Paquistão. O ataque iraniano a território paquistanês também ocorreu em uma região de fronteira entre os dois países.
O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão disse que os ataques tiveram como alvos "esconderijos terroristas" identificados no território iraniano. Os alvos em questão fazem parte da Frente de Libertação Balúchi, que busca a independência da província paquistanesa do Baluchistão.
Em comunicado, o governo do Paquistão disse que respeita a soberania e integridade territorial do Irã, e que os ataques tiveram como objetivo garantir a segurança paquistanesa.
"O Irã é um país irmão, e o povo do Paquistão tem grande respeito e afeição pelo povo iraniano", afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão.
Crise no Oriente Médio
A troca de ataques entre Irã e Paquistão é mais um capítulo da escalada na crise que atinge o Oriente Médio. As tensões entre os países da região cresceram desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023.
Além da guerra no território palestino e israelense, grupos armados que estão presentes na região acabaram se envolvendo no conflito, espalhando a crise para outros países.
Entre eles estão o Hezbollah, no Líbano, e os Houthis, no Iêmen, que declararam apoio ao Hamas. Ambos os grupos são apoiados pelo Irã. Nos últimos meses, Hezbollah e Houthis fizeram ataques contra Israel.
Mais recentemente, os Estados Unidos e o Reino Unido fizeram bombardeios contra os rebeldes do Iêmen, em resposta a ataques conduzidos pelos Houthis contra navios comerciais no Mar Vermelho.
O Irã, por sua vez, acusa Israel de assassinar comandantes iranianos a aliados do país. Na segunda-feira (15), o Irã lançou mísseis contra alvos na Síria e no Iraque, que seriam do serviço de inteligência de Israel.
Na terça-feira, os iranianos atacaram o Paquistão — cujo governo é apoiado pelos EUA. Os alvos foram bases do grupo rebelde Jaish al-Adl. O Irã alega que esse grupo é financiado por Israel.
g1
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