Autoridades de aviação civil do Japão disseram nesta quarta-feira (3) que o avião da Japan Airlines com 379 pessoas a bordo que colidiu na terça-feira (2) com uma aeronave da Guarda Costeira em uma pista de pouso havia recebido permissão para pousar.
A permissão, segundo as autoridades, foi confirmada após análise do diálogo entre o piloto da Japan Airlines e a torre de controle do aeroporto internacional de Haneda, em Tóquio, onde houve a colisão.
A transcrição do diálogo foi o primeiro passo das investigações abertas pelo governo para apurar qual foi o erro que causou o choque. A colisão provocou uma explosão instantânea nos dois aviões, e cinco dos seis tripulantes do turboélice De Havilland Dash-8 da Guarda Costeira morreram. O piloto foi internado em estado grave.
A aeronave esperava na pista para levar mantimentos à costa oeste do Japão, atingida por um terremoto de magnitude 7,6 apenas um dia antes.
Já todas as 379 pessoas a bordo do Airbus A350 da Japan Airlines escaparam com vida.
A transcrição do diálogo com a torre respaldam a versão dada na terça-feira (2) pela Japan Airlines. Em entrevista à imprensa, a primeira após a batida, executivos da companhia alegaram que o piloto havia recebido permissão para pousar.
Já a aeronave da Guarda Costeira, também segundo as transcrições, foi instruída a taxiar até um ponto de espera próximo à pista.
Um funcionário do departamento de aviação civil do Japão disse a repórteres que não havia nenhuma indicação nessas transcrições de que a aeronave da Guarda Costeira tivesse recebido permissão para decolar.
A Guarda Costeira também afirmou que o capitão de sua aeronave entrou na pista após receber permissão.
"O Ministério dos Transportes está apresentando material objetivo e cooperará totalmente com a... investigação para garantir que trabalhemos juntos para tomar todas as medidas de segurança possíveis para evitar uma recorrência", disse o ministro dos Transportes do Japão, Tetsuo Saito.
O caso está sendo investigado pelo Conselho de Segurança dos Transportes do Japão (JTSB) e também tem participação da França e do Reino Unido, fabricantes do Airbus e dos motores do avião da Guarda Costeira, respectivamente.
O segundo passo das investigações será analisar a caixa preta dos dois aviões.
Colisão
O choque gerou explosões instantâneas em ambas as aeronaves, que puderam ser vistas pelas câmeras do aeroporto. Imagens da TV pública japonesa NHK mostram o momento da colisão, que ocorreu quando a aeronave da Japan Airlines trafegava na pista de pouso (veja vídeo acima), onde o avião da Guarda Costeira estava parado.
Segundo a rede estatal japonesa NHK e a agência estatal Kyodo, cinco dos seis tripulantes do avião da Guarda Costeira morreram no choque. A Guarda Costeira japonesa disse que o piloto da aeronave conseguiu escapar e está internado em estado grave.
Apesar da forte explosão, a Japan Airlines afirmou que todas as 379 pessoas a bordo da aeronave, entre elas oito crianças, foram retiradas a tempo - o avião foi depois consumido pelas chamas. A polícia local disse à imprensa japonesa que 17 passageiros feridos, mas ainda não havia informação sobre o estado de saúde delas até a última atualização desta reportagem.
A Guarda Costeira disse que o capitão de sua aeronave, identificado como Genki Miyamoto, de 39 anos, conseguiu saiu sozinha dos destroços e comunicou-se por rádio com sua base.
"A aeronave explodiu na pista. Eu escapei. A (condição dos) demais tripulantes é desconhecida", disse ele, segundo a Guarda Costeira.
O avião com passageiros é fabricado pela Airbus, que enviou assistentes técnicos a Tóquio depois do incidente.
A colisão ocorre apenas um dia depois de um terremoto de 7,6 atingir a costa oeste do Japão, matando 48 pessoas e gerando alertas de "grandes tsunamis". O episódio reacendeu no país o trauma pela tragédia do acidente nuclear de Fukushima em 2011, causado após um terremoto e tsunami atingirem o país (leia mais abaixo).
Segundo a Guarda Costeira, sua aeronave que colidiu com a da Japan Airlines estava na pista para decolar em direção à base militar de Niigata, na costa oeste do país, para levar ajuda às cidades atingidas pelo terremoto.
O tremor gerou cerca de 50 réplicas ao longo da região de Ishikawa, no oeste do Japão, e alertas por tsunamis com ondas de até 5 metros. Os alertas duraram quase 24 horas e foram retirados na manhã desta terça, mas equipes ainda fazem buscas nas cidades atingidas.
Já a aeronave da Japan Airlines era um voo comercial que chegava de Hokkaido, no norte, segundo a companhia.
Causas
Autoridades ainda não haviam informado, até a última atualização desta notícia, por que os dois aviões estivessem na mesma pista ao mesmo tempo.
A Japan Airlines alegou que o piloto seguiu as instruções da torre de comando para o pouso. O capitão, de acordo com a companhia, recebeu permissão para pousar, mas "provavelmente" não conseguiu ver o avião da Guarda Costeira, construído pela Bombardier.
A companhia disse também que o sistema de comunicação com os passageiros não funcionou após a explosão, mas afirmou que a retirada dos passageiros conseguiu ser realizada mesmo assim.
O gabinete do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que o premiê estava reunindo informações sobre o que falhou para provocar o choque entre as aeronaves.
O aeroporto de Haneda, um dos dois aeroportos internacionais de Tóquio e um dos mais movimentados do Japão, informou que todos os pousos e decolagem foram cancelados após a colisão.
g1
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