O Exército de Israel mostrou à Reuters nesta quarta-feira (22) um túnel reforçado sob o Hospital Al-Shifa, na Faixa de Gaza. A passagem subterrânea conta com banheiro, cozinha e uma sala de reuniões com ar-condicionado, que, segundo Israel, serviu como posto de comando para terroristas do Hamas.

O poço do túnel, com cerca de 2 metros de altura, era acessado por um poço externo no terreno do complexo hospitalar, que já esteve lotado com dezenas de milhares de civis palestinos que o Exército disse terem servido como escudo humano na guerra.

"É assim que eles sobrevivem, porque usam o hospital como um escudo que os protege", disse o coronel Elad Tsuri, comandante de uma brigada blindada israelense que encontrou o túnel. "E aqui eles podem ficar por muito tempo. Tem um quarto com ar-condicionado lá dentro."

Israel acusa o Hamas de usar o complexo hospitalar de Shifa como centro de comando e controle, parte de uma estratégia mais ampla que procura esconder as suas forças entre a população civil. O Hamas e as autoridades hospitalares negaram a acusação.

O hospital tem estado no centro de acusações de crimes de guerra de ambos os lados. Enquanto palestinos dizem que Israel tem o local como alvo dos bombardeios, Israel afirma que o Hamas usa o lugar para abrigar terroristas armados.

Visita ao túnel
Jornalistas foram conduzidos em veículos militares israelenses ao complexo hospitalar no norte da Faixa de Gaza e passaram por um cenário de edifícios destruídos ou desocupados durante a invasão israelense do enclave palestino, que durou quase sete semanas.

O túnel era uma estrutura bem construída revestida de pedra e concreto. As escoltas do Exército usaram lanternas para iluminar o caminho no escuro. Eles mostraram uma pequena cozinha, um banheiro equipado com vaso sanitário e pia atrás de uma porta fechada, além de uma sala grande o suficiente para reuniões, com duas camas de metal.

"Presumimos que há outra saída que eles prepararam. Ainda não está aberta, e temos certeza de que há caminhos para a cidade a partir daqui", disse Tsuri. Ele afirmou que o Exército sabia que o túnel levava a outra abertura, num jardim de infância em Gaza.

Do lado de fora, no terreno, as Forças de Defesa de Israel (FDI) mostraram dezenas de armas, granadas e outros explosivos que o porta-voz militar, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou terem sido recolhidos nos últimos dias dentro do hospital, em um trailer e em carros próximos.

Ele disse que o corpo de uma refém, Noa Marciano, de 19 anos, foi recuperado pelo Exército em frente a uma clínica médica próxima. O Hamas divulgou anteriormente um vídeo em que dizia que ela havia morrido em um ataque aéreo israelense. A alegação não pôde ser verificada de forma independente.

Reuters
Portal Santo André em Foco