Novembro 25, 2024

'É uma guerra política': Trump depõe em julgamento por inflar ativos imobiliários

Donald Trump testemunhou nesta segunda-feira (6), em Nova York, no caso em que foi acusado com dois de seus filhos por inflacionar durante anos o valor de seus ativos imobiliários.

Este é um dos quatro casos nos quais Trump, favorito entre os republicanos para as eleições presidenciais de 2024, é réu atualmente nos Estados Unidos.

O julgamento ganhou mais importância no fim de setembro, quando o juiz Arthur Engoron, que preside a sessão, decidiu que a "fraude contínua" foi comprovada.

Segundo Engoron, o gabinete da Procuradoria-Geral do estado de Nova York já tinha provado que Donald Trump e os diretores do seu grupo haviam "supervalorizado" os seus ativos entre US$ 812 milhões e US$ 2,2 bilhões entre 2014 e 2021 (cerca de R$ 2,1 bilhões e R$ 12,2 bilhões).

“É uma guerra política", disse o ex-presidente dos Estados Unidos ao entrar no tribunal.
A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, ignorou os comentários de Trump.

“No fim das contas, a única coisa que importa são os fatos e os números. Os números, meus amigos, não mentem”, disse ela do lado de fora do tribunal.

Depoimento de Trump
Trump reconheceu que a sua empresa não forneceu estimativas precisas do valor de torres de apartamentos, campos de golfe e outros ativos. O ex-presidente dos EUA tentou minimizar a importância das estimativas feitas pelos procuradores.

"Eles simplesmente não eram um elemento muito importante no processo de tomada de decisão do banco, e explicaremos isso à medida que este julgamento avançar, à medida que este julgamento maluco avançar", disse Trump.

No banco de testemunhas, Trump acusou as autoridades legais de prestarem muita atenção aos seus negócios depois de ter vencido as eleições presidenciais de 2016. “Tenho certeza de que o juiz decidirá contra mim porque ele sempre decide contra mim”, afirmou o ex-presidente.

Engoron alertou Trump dizendo que poderia removê-lo do banco das testemunhas se não respondesse diretamente às perguntas.

“Você pode me atacar, pode fazer o que quiser, mas, por favor, apenas responda à pergunta”, disse ele ao ex-presidente.

"Senhor Kise, você pode controlar seu cliente? Este não é um comício político. Isto é um tribunal", disse Engoron, dirigindo-se ao advogado de Trump, Christopher Kise.

Depoimentos anteriores
As evidências apresentadas no julgamento até agora revelaram que funcionários da empresa, incluindo os filhos de Trump, Eric e Donald Jr., estiveram envolvidos em esforços para manipular o valor avaliado de algumas propriedades, como a propriedade Mar-a-Lago, na Flórida.

Uma testemunha, seu ex-advogado e corretor Michael Cohen, testemunhou que Trump o orientou a alterar as demonstrações financeiras para aumentar seu patrimônio líquido.

A filha de Trump, Ivanka, que já não tem responsabilidades oficiais dentro da Trump Organization, também poderá ser convocada, apesar das múltiplas tentativas de evitar a sua intimação.

Consequências
Como o processo é civil e não criminal, Trump não pode ser preso, mas uma condenação pode ter grandes impactos monetários. O ex-presidente pode ser impedido de fazer negócios na cidade e o julgamento coloca em risco o império imobiliário que Trump construiu em Nova York.

Anteriormente, o juiz ordenou a revogação das licenças comerciais no estado de Nova York de Donald Trump e de Eric Trump e Donald Trump Jr, vice-presidentes executivos da Trump Organization. Ele também determinou o confisco das empresas que são alvo do processo, que serão confiadas aos liquidatários.

Donald Trump, que acumulou sua fortuna no setor imobiliário e nos cassinos na década de 1980 e prometeu administrar os Estados Unidos como as suas empresas, perderia então o controle de vários edifícios emblemáticos do seu grupo, como a Trump Tower, na 5ª Avenida de Manhattan.

As propriedades estão no centro das acusações da procuradora Letitia James: a superfície do apartamento do empresário na Trump Tower triplicou, e o edifício no número 40 de Wall Street foi supervalorizado entre US$ 200 e US$ 300 milhões (cerca de R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão).

A luxuosa residência da Trump Organization em Mar-a-Lago, na Flórida, e vários campos de golfe também aparecem no dossiê.

A procuradora pede ainda o reconhecimento de outras violações da legislação financeira e uma multa de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão).

Atritos
Tanto a procuradora-geral quanto o juiz responsável pelo caso são regularmente alvo da ira do republicano desde o início desse julgamento no início de outubro. Desde então, o ex-presidente já chamou Engoron de "desequilibrado" e de "agente democrata, da esquerda radical, que odeia Trump".

O magistrado impôs duas multas a Trump, US$ 5.000 e US$ 10.000 (R$ 24,5 mil e R$ 49 mil na cotação atual), ao determinar que o empresário violou uma ordem de silêncio imposta depois de atacar o escrivão do juiz nas redes sociais.

g1
Portal Santo André em Foco

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Last modified on Segunda, 06 Novembro 2023 16:50

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