Em uma rebelião conjunta, presos de seis penitenciárias no Equador fizeram reféns 57 agentes penitenciários e policiais na quinta-feira (31), informou o ministro do Interior do país, Juan Zapata.
Até o início da manhã desta sexta-feira (1º), o motim seguia, segundo a imprensa local, e nenhum dos reféns haviam sido libertados.
De acordo com a polícia, a revolta pode estar ligada à explosão de carros-bomba que aconteceu no início do dia em Quito, uma possível represália à transferência do líder do grupo criminoso Los Lobos a um presídio de segurança máxima.
O Los Lobos reivindicou o assassinato do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio, morto com três tiros na cabeça ao sair de um ato de campanha no início de agosto.
A rebelião acontece em penitenciárias espalhadas pelo país, entre elas uma em Quito e outra perto da fronteira com o Peru. Também não havia registro de vítimas ou feridos até a última atualização desta reportagem.
O Serviço Nacional de Atenção às Pessoas Privadas de Liberdade (Snai), entidade responsável pelo sistema prisional, afirmou que sete reféns são agentes policiais. Os outros são policiais.
"Estamos preocupados com a segurança dos nossos funcionários", disse o ministro do Interior, Juan Zapata, em coletiva de imprensa.
Na quarta-feira (30), centenas de soldados e policiais realizaram uma operação de busca por armas, munições e explosivos em uma prisão na cidade andina de Latacunga, no sul do Equador. Uma das principais do país, a penitenciária é palco frequente de massacres — 430 pessoas morreram nas nas instalações desde 2021.
Desde o início da rebelião, as hipóteses sobre os reféns mudaram. Inicialmente, o órgão estatal responsável pelas prisões (Snai) afirmou que se tratava de uma retaliação pela "intervenção" das forças de segurança. Posteriormente, as autoridades indicaram que a retenção é um protesto contra a transferência de detentos para outras prisões.
Carros-bomba
Na manhã de quinta-feira, dois carros-bomba explodiram em menos de 12 horas na capital equatoriana. A ação, que não deixou feridos, pode estar ligada às operações de segurança do governo em prisões de todo país realizadas nesta semana.
Os carros-bomba explodiram em edifícios ligados ao Snai, um em uso e outro desativado. Seis suspeitos, cinco equatorianos e um colombiano, foram presos pelo primeiro ataque e outros quatro foram presos pela segunda explosão, disseram as autoridades.
“Há ações violentas como a dos dois carros queimados em Quito na noite passada, claramente isso é uma reação a uma ação. A ação de impor a ordem nas prisões, a reação para intimidar”, disse Guillermo Lasso, presidente do país.
Violência no Equador
O comandante da polícia, Fausto Salinas, disse que os atos violentos podem estar ligados à transferência para a prisão dos suspeitos de assassinar Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador que foi morto durante um comício no início do mês.
O caso chocou o país e o mundo, e lançou luz ao grande aumento da violência no Equador, que nos últimos anos virou refúgio para grupos criminosos da Colômbia e rota do tráfico de drogas da América Latina.
A Polícia Nacional registou 3.568 mortes violentas nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com as 2.042 registadas no mesmo período de 2022. O ano passado terminou com 4.600 mortes violentas, a taxa mais elevada da história do país e o dobro do total de 2021.
g1
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