Quase 50 governantes europeus se reúnem nesta quinta-feira (1) na Moldávia com o presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, em uma demonstração de força diplomática diante de Vladimir Putin, neste país de fronteira com a Ucrânia e que vive com medo de eventuais ações da Rússia.
Os participantes do encontro estão a apenas 20 quilômetros da Ucrânia para enviar uma mensagem de apoio às duas ex-repúblicas soviéticas.
Desde o início de maio, a Rússia intensificou os ataques com drones contra Kiev. Um novo bombardeio nesta quinta-feira (1º) na capital ucraniana matou pelo menos três pessoas, incluindo uma criança. A Ucrânia acusa Moscou de "aterrorizar" a população civil, mas o Kremlin insiste que ataca apenas alvos militares.
Ao mesmo tempo, a região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, foi alvo de "bombardeios ininterruptos" nesta quinta-feira, que deixaram oito feridos. A Rússia anunciou na quarta-feira que iniciou a retirada de centenas de menores de idade após a intensificação dos ataques.
"Estou feliz de estar aqui", disse o presidente ucraniano, antes de agradecer ao povo moldávio "por ter recebido muitos refugiados desde o primeiro dia de guerra".
A reunião acontece no castelo de Mimi, uma propriedade vinícola na cidade de Bulboaca, a 35 km da capital Chisinau.
O fórum da Comunidade Política Europeia (CPE) é muito mais amplo que União Europeia, pois inclui os 27 membros da UE e outros 20 países convidados.
"Vamos confirmar novamente o nosso apoio à Ucrânia, que resiste à agressão russa", destacou a presidente da Moldávia, Maia Sandu.
Assim como na primeira edição do encontro em Praga, em outubro do ano passado, a reunião terminará com uma foto muito simbólica dos governantes, que desta vez terá uma ausência de peso: o presidente turco Recep Tayyp Erdogan, reeleito no domingo (28).
O local não foi escolhido por acaso, pois a reunião acontece a poucos quilômetros da Transnístria, uma região moldávia separatista pró-Rússia.
"A Rússia de Putin excluiu-se desta comunidade ao iniciar a guerra contra a Ucrânia", declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. "Espero que a presença de tantos líderes aqui, tão perto da Ucrânia, envie uma mensagem forte sobre a unidade de muitos Estados, não apenas da União Europeia, para defender a ordem internacional", acrescentou.
Moldávia e Ucrânia desejam entrar para UE
A CPE é uma entidade informal, idealizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, que reúne países com perfis muito diversos, como Armênia, Geórgia, Islândia, Noruega, Suíça, Turquia, Reino Unido, Sérvia e Azerbaijão.
A anfitriã Moldávia deve expressar mais uma vez o desejo de entrar na UE.
"O lugar da Moldávia é na União Europeia", afirmou na quarta-feira Maia Sandu, que recebeu uma mensagem de incentivo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que reconheceu os "enormes progressos" da ex-república soviética nas reformas necessárias para possibilitar a adesão ao bloco.
A questão da adesão também é importante para a Ucrânia. Kiev obteve o status de candidato oficial no mesmo momento que a Moldávia, em junho de 2022. Mas o caminho a percorrer ainda é longo.
Os líderes europeus também devem falar sobre a segurança da Ucrânia, enquanto os ministros das Relações Exteriores dos países membros da Otan participam em outra reunião em Oslo para responder à demanda de Kiev de adesão à aliança atlântica.
Para Zelensky, as "dúvidas" sobre a adesão da Ucrânia e da Moldávia na aliança militar colocam a Europa em perigo.
"Cada dúvida que expressamos é uma parte que a Rússia tentará ocupar", afirmou.
"Todos os países europeus que têm fronteira com a Rússia e não querem que a Rússia retire uma parte de seu território devem ser membros de pleno direito da Otan e da UE", reiterou o chefe de Estado.
Reduzir a tensão no Kosovo
A reunião na Moldávia pode ajudar a reduzir a tensão no norte do Kosovo, onde incidentes foram registrados nos últimos dias entre policiais e manifestantes sérvios, uma onda de violência que deixou 30 soldados da força da Otan feridos.
Os sérvios boicotaram as eleições municipais de abril em quatro localidades, que terminaram com as vitórias de prefeitos albaneses-kosovares, apesar do índice de participação inferior a 3,5%.
As cerimônias de posse dos prefeitos na semana passada agravaram a situação no Kosovo, que proclamou sua independência da Sérvia de modo unilateral em 2008, o que nunca foi reconhecido por Belgrado.
Também está prevista uma reunião dos governantes da Armênia e do Azerbaijão, que negociam o fim de um conflito. Os países vizinhos disputam há três década o controle da região de Nagorno-Karabakh, localizada no Azerbaijão e habitada principalmente por armênios.
AFP
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